Hoje de manhã eu recusei ficar na cama. Eu recusei aqueles 5 minutos de praxe; recusei a preguiça e recusei ficar deitado. O sol brilhava com tanta força pelas pequeninas frestas da minha janela, e eu quis brilhar também, e me levantei, e recusei, e mudei. Nesta manhã eu saltei da cama.
Eu sei que é gostoso ficar deitado. Tão confortável! Confortável, isso! É muito confortável, mas nessa manhã... Bem, eu não sei, mas eu quis mudar, quis sair do conforto gostoso e mudar, talvez brilhar, brilhar como o sol brilha, quem sabe? E mudar, saltar da cama e fazer tudo o que eu planejei, de fato, acontecer. Abrir as janelas, deixar o vento gelado entrar junto com os raios cálidos do sol e mudar a rotina que eu deixei fazer parte das minhas manhãs. Mas não hoje, não agora.
Hoje de manhã eu decidi não me convencer mais com aquelas velhas mentiras que eu ouvi há tanto tempo. Não sei por que eu acreditei nelas. Talvez porque eu as ouvi muitas vezes, não que houvessem me dito muitas vezes, não! Disseram-me apenas uma vez, talvez duas, mas aquelas palavras continuaram a soar dentro de mim, eu não queria, não mesmo! Rejeitei, lutei, mas elas ficaram, e eu me deitei, fiz delas a minha cama e dormi, dormi nelas, me cobri e me deixei levar. Não, não sei por quê. Mas, hoje de manhã, eu recusei ficar na cama.
Abrir a janela e a brisa levar, ventar e mudar as coisas de lugar. Deixar o Vento conduzir, retinir levemente fluir, e eu estranhar, e eu acreditar que as coisas vão melhorar e ver melhorar e me alegrar. E eu sorrir de novo. E o sol aquecer, e a Luz entrar em meus olhos e clarear o meu quarto. E eu saltar da cama.
Hoje de manhã eu decidi lutar. É, isso! Vou lutar! Lutar por mim, contra aquelas palavras que ainda não foram embora, não sei porque. E provar pra elas que estavam erradas, completamente enganadas, porque eu sou muito mais que julgaram a meu respeito. Porque disseram de mim sem nem ao menos me conhecerem bem não sei, mas sei que minha luta começa aqui. E eu saltei da cama.
Hoje de manhã eu recusei ficar na cama, deitado. Recusei me aborrecer por causa de cinco minutos que não foram tão agradáveis e, por causa de cinco minutos, deixar esse aborrecimento durar horas. Não sei quanto tempo vou viver. Não posso passar horas aborrecido! Não posso desperdiçar felicidade, quem sabe quantas coisas boas eu não posso contemplar... Duas horas, dois minutos, dois segundos... Tempo demais pra gastar com aborrecimento. É tempo demais pra gastar com qualquer coisa que não seja felicidade.
Hoje de manhã... Foi difícil, mas decidi... É, não é nada fácil... Ainda me lembro, e às vezes ainda dói. Poderia ser diferente, sabe? Poderia ser tão bom! Por que coisas ruins acontecem com a gente, não sei, e sei muito menos por que pessoas que tanto amamos, algumas vezes, nos ferem tão profundo. Sei que dói. Dói. Mas hoje é manhã de saltar da cama. Dói, sim, mas perdoar faz curar a dor, faz nascer flor. Faz o dia colorir de novo, e a gente sorrir, renovo.
Vou deixar o Vento levar, passar, curar, e perdoar, vou perdoar. Saltei da cama, lembra-se? Agora já não tem mais volta. É tarde demais pra deitar de novo, e se aconchegar no conforto, já não quero mais. Me perdoaram uma vez, e eu nunca fiz nada pra merecer. Vou mostrar a mesma virtude, agora ainda dói, mas vai curar.
Eu saltei. Lutei. Abri a janela, o Vento entrou. Descobri que, mesmo depois de passar tanto tempo chorando, ninguém desaprende a sorrir.
Hoje de manhã eu recusei ficar na cama. Eu recusei aqueles 5 minutos de praxe; recusei a preguiça e recusei ficar deitado. O sol brilhava com tanta força pelas pequeninas frestas da minha janela, e eu quis brilhar também, e me levantei, e recusei, e mudei. Nesta manhã eu saltei da cama.