Nunca fui um defensor assíduo do Ex-Juiz e Ex-Ministro, Sérgio Moro. Lembro-me de tê-lo elogiado em duas ocasiões, uma quando li a pedreira que foi a sentença dele no caso Triplex e outra quando foi nomeado Ministro da Justiça.
E nesse fito é bom separamos muito bem as coisas e antes de mais nada, separar o Juiz Sérgio Moro e o herói Sérgio Moro.
A Lava Jato, sem sombra de dúvidas, foi uma das mais bem sucedidas operações já realizadas no Brasil. Mais do que prender os bandidos de colarinho branco, ela fez despertar no brasileiro um sentimento patriota que ha muito tempo estava esquecido. O brasileiro passou a discutir mais a política, que saiu dos botecos para ganhar as nossas mesas de jantar. O brasileiro acordou para a vida democrática.
Muitas pessoas passaram a acreditar que o político deveria ser definitivamente substituído pelo técnico. O técnico passou a ter o celibato moral que não conseguíamos encontrar nos políticos, naquilo que passamos a chamar de “velha política”.
E nessa toada, pessoas com pensamentos diferentes foram convidadas a participar do cenário das disputas eleitorais. Vimos nomes surgindo do nada com opiniões fortes sobre o combate a corrupção. Joices, Alexandres e outros surgiram nessa carona técnica lavajatista e se denominaram a “Nova Política”; inclusive o próprio Sérgio Moro, quando aceitou o cargo de Ministro.
Moro, em seu papel na Lava Jato, cumpriu o seu dever de funcionário público. Aplicou a lei ao caso concreto conforme seu entendimento de legalidade e subsunção dos fatos. Moro foi juiz - como deveria ser - pois era para isso que estava lá; para ser técnico!
Então, num último clamor de um Brasil devassado por políticos imorais que por anos e anos se sustentaram em seus cargos com uma boa estratégia de marketing, as pessoas tornaram o técnico Sérgio Moro em um herói.
Começamos a confundir investigação e prisão legítima de corruptos com a política; e erramos. Inclusive, errou o Presidente ao acreditar friamente nisso e convidar Sérgio Moro - com muito apoio, diga-se.
Longe da toga e da proteção da magistratura, Moro demorou para perceber que de nada vale apenas a técnica sem aquilo que a ciência política mais prega: “O diálogo”.
Sérgio Moro hoje não é mais juiz, quiça um político. Por enquanto é um civil como qualquer um de nós e só lhe restam duas opções: Voltar a ser técnico em alguma profissão que o valha ou se tornar um verdadeiro político, dando costas à muito da técnica que ele tanto defende.
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