Mais um ano se inicia – com muito otimismo é verdade – e 12 meses inteiros para empreender, aprender e lutar. No entanto, esse otimismo próprio de ano novo não pode ofuscar nossa visão crítica das coisas, pois especialmente esse ano, muita gente vai querer aproveitar esse sentimento para enfiar goela abaixo políticas que não trarão qualquer benefício social, senão inflar o próprio ego, como antes já vimos.
Quero começar minha rodada de colunas no amigo Cordero Virtual com uma fábula que irá retratar bem a realidade das políticas públicas de hoje – veja bem:
“ Um poderoso inglês, senhor de engenho, percebeu que havia em seu vilarejo muitas cobras venenosas, e que essas eram perigosas demais, já que camponês morto não trabalha.
Resolveu então combater o problema com um método que julgou, ainda por cima, generoso: para cada cobra morta que um camponês lhe trouxesse, ele pagaria uma moeda.
O esquema funcionou bem no início. Até virar escala.
Logo, muitas pessoas começaram a criar cobras em cativeiro, apenas para matá-las e vendê-las ao inglês. A população de cobras disparou exponencialmente. Percebido o fiasco, o programa foi cancelado. Criadores de cobra então jogaram fora seus estoques nos bosques e campos e mais camponeses passaram a morrer pelas cobras.
O inglês havia gasto uma fortuna, e como resultado apenas aumentou o problema! ”
Percebeu? São inúmeros os exemplos de políticas públicas que colhem o extremo oposto de suas intenções, mas permanecem ativas por uma militância que grita (em tom apocalíptico) que a boa intenção é a mãe e a rainha de todos os problemas e não importa se os resultados colhidos foram trágicos para o coletivo.
Incentivos são uma virtude da natureza e não uma cartilha, por isso devem ser pensados e estudados por todos os seus aspectos, sempre buscando evitar o ideológico/eleitoral.
Você já deve ter pensado: Durante toda a história de nosso Brasil democrático, o dinheiro investido em diversos programas por regiões afora, diminuiu ou aumentou o problema?
Se o exercício intelectual for honesto, conta-se nos dedos de uma mão as políticas públicas que trouxeram programas que realmente surtiram os efeitos desejados, as outras, além de aumentar a pobreza, desemprego, precariedade de atendimento e segregação, apenas tiveram os efeitos desejados na parte da retórica populista das urnas.
Não vamos criar mais cobras esse ano, já temos muitas sorrateiras pelos cantos aguardando o cidadão desavisado. Aliás, como já disse um “grande líder e pensador do mundo livre”, em um de seus mantras que não ajudam ninguém...
A Jararaca morre pela cabeça!
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