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 Outras notícias sobre Cordeiro na imprensa da Capital nas décadas de 1910 a 1960 - Portal Cordero Virtual

Outras notícias sobre Cordeiro na imprensa da Capital nas décadas de 1910 a 1960

26/12/2019 10:30:27
Dentre os inúmeros jornais e revistas preservados pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, em sua Hemeroteca Digital, encontramos em nossas pesquisas algumas citações referentes a Cordeiro durante a década de 1920, que não tínhamos encontrado em outros jornais anteriormente pesquisados. 

Infelizmente, alguns jornais importantes da época ainda não foram digitalizados, ou pelo menos até o momento não temos conhecimento de que estejam disponíveis, como o “Diário Popular”, que remonta ao final do século XIX e que funcionou por muitos anos, até se tornar o “Diário de S. Paulo”. 

Neste texto, vamos destacar os dados recuperados das edições do jornal “A Gazeta”, de São Paulo, que foi fundado em 1906, mas que ganhou dinamismo após à passagem para Cásper Líbero, que dirigiu o periódico até 1943. Posteriormente, o jornal se tornou, após uma crise financeira, em um suplemento do jornal “A Gazeta Esportiva”, que foi interrompido em 1999. Os exemplares disponíveis vão somente até 1933.

A primeira referência surge na coluna escrita de Campinas, na edição de 7 de fevereiro de 1917, com o título “Nota Falsa”, descreve-se que “pelo estimado negociante desta praça Antonio Milani foi ontem entregue à polícia uma cédula de 200$000 [duzentos mil reis] falsa, que lhe foi passada em Cordeiros”. Não há mais referências posteriores sobre as consequências desta contravenção. 

Outra nota interessante é o registro “em duplicata” na edição de 21 de janeiro de 1924, da partida entre um time chamado “Grêmio Esportivo São Paulo”, da Capital, contra o “União Cordeiro”, que parece ser o União Cordeirense, time dos primórdios da história do futebol local. Segundo o registro, foram disputadas três partidas no dia anterior: a primeira, entre os chamados “terceiros quadros”, que ficou empatada em 0 x 0; a segunda, com os “segundos quadros”, também empatada em 1 x 1 e a terceira, com os “primeiros quadros”, onde o S. Paulo teve um gol anulado pelo juiz aos 10 minutos de jogo. 

No segundo tempo, a equipe da Capital teria “atacado fortemente” tendo o guardião local defendido “brilhantemente fortes pelotaços”. Aos quinze minutos, os locais chutaram pela segunda vez ao gol, tendo obtido sucesso. Depois, o time da Capital conseguiu um pênalti, que foi defendido e depois um gol de cabeça, anotado por Álvaro. Por fim, a terceira partida também ficou empatada e não se diz com quem ficou a taça. 

Outra referência relevante é a da edição de 18 de agosto de 1925, onde se destaca numa nota da coluna “A Gazeta em Campinas”, que estampou: “Victimado por uma explosão” – Às 19 horas de ontem, na fábrica de fogos “Barone”, importante estabelecimento sito em Cordeiros, município de Limeira, o operário João Leite Soares quando em serviço, foi repentinamente alcançado por uma violenta explosão, vindo a falecer em consequência dos ferimentos recebidos”. 

Esta é a terceira vez em que se registra explosão nas instalações da fábrica de fogos de Baroni& Cia, que estava estabelecido em Cordeiro desde 1897. Segundo texto que publicamos em 2016, já tinham ocorrido explosões noticiadas pela grande imprensa em 1911 e 1920.

O ponto importante é que a população do distrito estava ciente dos perigos em sediar uma fábrica de fogos. Tanto é que foi encaminhado e está arquivado na Câmara Municipal de Limeira um “abaixo assinado sobre o perigo de explosão da Fábrica de Fogos de Artifício A. Baroni& Irmão”, reclamando sobre a colocação desta dentro da então Vila de Cordeiro. O documento não está disponível em formato digital e depende de pesquisa “in loco” nos arquivos do Legislativo daquela cidade. 

Outro destaque curioso é o da edição de 19 de abril de 1932, com o título “Colombophilia – A segunda competição oficial da Sociedade Brasil”, indicando que no último dia 17 pela manhã se realizou mais uma “prova correspondente ao programa da temporada oficial de 1932”. De acordo com a nota, “a corrida Cordeiro-São Paulo, numa distância de 140 quilômetros, proporcionou excelente oportunidade para demonstração da ‘performance’ das aves que cobriram o percurso em magnífico tempo”. 
Este tipo de nota é único, e até agora não se encontrou mais nenhuma referência ligando o distrito de Cordeiro à atividade columbófila. Para encerrar, são citados os vencedores por bairros: Lapa, Perdizes, Luz, Bela Vista e Brooklyn Paulista. 

Na edição de 16 de maio, na reportagem sobre o “Movimento Associativo”, informa-se que estava em constituição a “Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo”, composta de “jovens entusiastas e trabalhadores”, congregando servidores de diversas secretarias estaduais e de outros poderes. Também são citadas diversas prefeituras do interior, como Santos, Campinas, Campos do Jordão e Mogi das Cruzes. O destaque é a presença de servidores vinculados à Coletoria de Cordeiro como um dos membros da associação. Como diremos abaixo, esta repartição era federal, pois a estadual só foi inaugurada na década de 1950. 

Uma referência única e espetacular é encontrada no jornal “Getulino”, representante da imprensa negra no início do século XX, editado por jovens negros em Campinas de 1923 a 1925, que foi objeto de uma Tese de Doutorado defendida na PUC-SP em 2012.

Segundo a reportagem, com o título “O Gavião em Juízo”, de 16 de março de 1924,
“O jornalista preto Sebastião Jesus dos Santos, redator d´O Gavião, semanário crítico que se edita em Cordeiros, acaba de ser absolvido por sentença do Tribunal de Justiça do Estado, em grande apelação. 

O nosso distinto confrade fora processado pelo Sr. Cap. Joaquim Pereira, prefeito de Limeira, tendo sido seu defensor o exmo. Sr. Dr. Vicente Ferraz Pacheco, presidente da Câmara da mesma cidade. 

O ´Getulino’ apresenta efusivos parabéns ao seu coleguinha e saúda em tom muito expressivo o sr. Jesus dos Santos, que laborando com altivez na imprensa, presta serviço à causa pública e honra a sua raça”. 

Esta reportagem confirma depoimento que me fizeram há mais de 25 anos sobre as peripécias que o redator do jornal teria passado para distribuição de sua edição em Cordeiro. Segundo o depoente, o jornalista estava mandando trazer o seu jornal impresso através da ferrovia, para recebimento em Cordeiro. Sabendo da situação, as autoridades de Limeira acionaram a Força Pública com o objetivo de prender o jornalista. 

Entretanto, segundo a memória, a polícia militar seria proibida ou teria acesso vedado a certas dependências da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, e para que o jornal circulasse, o redator colocou os exemplares na mala de um jovem ou criança, que o levou ao seu destino. No momento em que as autoridades policiais adentraram ao local, não encontraram nada com Sebastião. 

Durante muito tempo, a imprensa divulgava os atos oficiais, especialmente a mudança de autoridades em nível estadual. Por isso destacamos duas notas do jornal “Diário Nacional”, de 6 e 28 de janeiro de 1932, em que se comunicam a exoneração de José Darós do cargo de 2º suplente e de Armando Pinke, do cargo de 1º suplente de subdelegado de Polícia do distrito de Cordeiros, do Município de Limeira. Pinke era comerciante e foi vereador em Cordeirópolis na década de 1950. 

Outra nota interessante, desta vez do jornal “O Estado de São Paulo” de 28 de janeiro de 1910, é a descrição da área de abrangência da Companhia Rêde Telephonica Bragantina, que ligava as principais cidades daquela região e de São Paulo: Santos, Campinas, Jundiaí, São João da Boa Vista, Mogi Mirim, municípios da área das estâncias, realizando “tráfego mútuo” com uma empresa telefônica chamada “Rioclarense”, que abrangia as cidades de Rio Claro, Limeira, Piracicaba, Araras, Leme, Americana, os então distritos de Cordeiro e Santa Gertrudes, Morro Grande e Anápolis (depois chamada Analândia) e o lugar chamado “Villa São Victor”.

Também esta companhia fazia conexão com a empresa chamada “Iniciadora”, que atendia o Sul de Minas Gerais, nas cidades de Ouro Fino, Monte Sião, Borda da Mata, Jacutinga, e as estações de Jaguary (depois chamada de Jaguariúna), Arraial dos Souzas (o atual distrito de Sousas), Joaquim Egydio, o bairro do Cambuí e o local chamado “São José do Toledo”. Esta informação é interessante, pois a referência a um centro telefônico em Cordeiro é posterior à década de 1920 e a partir da década de 1930 o distrito, depois cidade, foi atendido pela Telefônica de Limeira, até ser incorporada pela Telesp (Telecomunicações de São Paulo), atual Vivo. 

Como se sabe, fizemos exaustivo levantamento nos principais acervos dos jornais “O Estado de São Paulo” e “Correio Paulistano” por todo o seu período de funcionamento, procurando notícias sobre Cordeiro (ou Cordeiros, como às vezes se grafava o nome do local). Após verificar a existência de outros periódicos de interesse na base da Biblioteca Nacional, encontramos algumas referências a Cordeirópolis no jornal “Diário da Noite”, especialmente nas décadas de 1950 e 1960. 

Sob o título “Fábrica de Papelão devorada pelo fogo”, a reportagem do jornal com foto dos escombros, datada de 5 de novembro de 1956, informa que “apesar de combatido por populares e bombeiros de Campinas, Limeira e Rio Claro, o sinistro somente teve fim quando nada mais havia para queimar – prejuízos de dez milhões[de cruzeiros]; durou vinte horas o incêndio em Cordeirópolis”.

Conforme o texto de autoria dos enviados especiais Nelson Veiga e Lauro Freire, o incêndio durou vinte horas e as chamas alcançaram grande altura e destruíram completamente todo o estabelecimento. O fogo teria começado às 16 horas do dia anterior, quando foram notados “grossos rolos de fumaça” saindo do depósito de papeis, tendo depois todo o edifício dominado pelas chamas, obrigando a serem acionados os bombeiros de Campinas, Limeira e Rio Claro, que forneceu carros-tanques da Prefeitura com água. 

 O material, por ser de fácil combustão, fez com que as chamas aumentassem de “forma alarmante”, propagando-se o fogo pelo depósito de papel durante todo a noite e madrugada do dia seguinte, sendo extinto somente ao meio dia. Devido a impossibilidade de extinguir o fogo e evitar a destruição do prédio, ele foi isolado, procurando que as chamas atingissem as máquinas. A causa do incêndio foi devido a um curto-circuito, mas somente o laudo iria esclarecer o motivo do sinistro. 

Outro fato que mereceu grande destaque da imprensa através do Diário da Noite, em edição de 6 de setembro de 1960, foi o escândalo do “Banco Central dos Municípios”. Já tratamos em outro artigo, em que recuperamos as notícias sobre a cidade na imprensa estadual na década de 1960, sobre o estabelecimento bancário, mas esta reportagem era inédita. 

De acordo com a reportagem de Orlando Criscuolo e Tarcísio Mota, “quatrocentos e vinte e oito cidadãos de Cordeirópolis que, durante anos de trabalho duro, nos campos ou comércio, conseguiram amealhar pequenas fortunas, acabam de ser espoliados de suas economias e jogados na miséria por meia dúzia de indivíduos que, com fantasiosas promessas, montaram aqui uma filial do Banco Central dos Municípios, (...) entidade que acaba de falir, ao que tudo indica, fraudulentamente, levando de roldão (...) dinheiro que representava a estabilidade financeira daquelas infelizes vítimas.” 

Foi ressaltado que “os vereadores de Cordeirópolis chegam mesmo a culpar o Serviço de Economia Rural do Ministério da Agricultura bem como o Departamento de Assistência ao Cooperativismo que, segundo afirmam em memorial enviado ao Presidente da República, colaboraram dolosa ou até mesmo culposamente, na preparação do golpe”. 
Segundo a reportagem, durante os poucos meses em que funcionou na cidade o banco, foram realizados pelo seu gerente, Elmo Bergamini, que se encontrava foragido, negócios considerados “impossíveis”, envolvendo inclusive seu pai, Leoni, que, como avalista de títulos, levantou no banco 1,1 milhão, gerando um desfalque de 492 mil em vales assinados pelo gerente. 

O gerente do banco, em acordo com Osvaldo Scatena, diretor superintendente do estabelecimento bancário, obteve opção de compra de um terreno onde seria construído o edifício da sede própria da agência. Ocorreu, porém, que Bergamini queria que a escritura fosse passada no seu nome, o que gerou reação de alguns vereadores, o que fez com que a transação fosse adiada. Conforme a nota, o edifício foi erguido em seu nome e estava sendo objeto de disputa. 
A reportagem apontava que “vários figurões do comércio e da indústria de São Paulo”, em troca de uma importância mensal, emprestavam seus nomes para que eles figurassem na lista de diretores daquele estabelecimento de crédito cooperativo, dando ares de honestidade. 

Nas últimas horas da tarde daquele dia, graças à intervenção do delegado Herbert Izar, a população teria se acalmado, acabando por permitir que os móveis da residência do gerente saíssem com destino a São Paulo, para onde Elmo Bergamini fugiu. 

Ainda depois de algum tempo, a situação precisou ser equacionada. De acordo com a legislação disponibilizada pela Câmara Municipal de Cordeirópolis em seu site (Link1) e Link2),  a Prefeitura Municipal recebeu “um copiador, uma máquina de somar e uma ou duas máquinas de escrever, de propriedade do Banco Central dos Municípios S/A, como parte do pagamento do terreno da Praça João Pessoa vendido ao Sr. Elmo Bergamini” e somente 70% dos valores depositados pela Prefeitura no banco foram restituídos, com base em um “acerto de contas” cujo valor era aproximadamente 43 mil cruzeiros (moeda da época). 

Vale lembrar que o banco já tinha vinculação com o Município desde 1952, quando foi sancionada uma lei que autorizava o Município a subscrever ações do Banco dos Municípios S/A, bem como ao Prefeito Municipal para comparecer em assembleia e votar os Estatutos, além de considera-lo “estabelecimento de crédito oficial” do Município, concedendo também isenção de impostos municipais. Eis a origem da tragédia. 

Para encerrar o período, reportagem de 2 de dezembro informa que estava sendo instalada uma repetidora no Morro Azul, situado entre os municípios de Limeira, Cordeirópolis e Iracemápolis, propagando o sinal da transmissão da TV Tupi proveniente da Serra do Japi, em Jundiaí. Durante muito tempo, o local ficou conhecido na memória popular como “a Torre do Canal 4”. 

Abrindo uma exceção, apresentamos abaixo a foto que ilustra a edição do Diário da Noite de 11 de março de 1957, com o título “Sexagenária votando”, destacando que “a abstenção no pleito realizado ontem no interior do Estado não foi grande. Segundo dados fornecidos pela Secretaria de Segurança, não ultrapassou a 30 por cento em média. Na foto, uma sexagenária quando votava, na cidade de Cordeirópolis”. Em nossa opinião, seria a prof. Amália Malheiro Moreira, esposa do farmacêutico José Moreira e que estava na cidade desde a década de 1920. Confere?

Para encerrar, somente registramos a inauguração, em 22 de abril de 1950, da Coletoria Estadual de Cordeirópolis, repartição pública fechada na década de 1980. De acordo com a reportagem, ela teria sido instalada pelo Delegado Regional da Fazenda, Ary Negrão Barone, sediado em Campinas. 

Na festividade, estiveram presentes Carlos Castilho Cabral, Vice-Presidente do Diretório Nacional do PSP (Partido Social Progressista), que era o partido do governador naquela época; o prefeito de Rio Claro, Benedito Pires Joly, e o presidente do diretório municipal do partido; Oscar Rocha e Guerino Codo, prefeito e presidente do partido em Santa Gertrudes; o Dr. Huberto Levy, proprietário da Fazenda Ibicaba, Moacyr Dias, presidente do PSP local, Carlos Hespanhol, Amadeu Stocco e Miguel Rodrigues de Oliveira, comerciantes, os vereadores do PSP Durval Alves, Jamil Abrahão Saad, Pedro Antonio Hespanhol e Jacob Tomazella, os chefes ferroviários Carlos Buscato e José Silveira; os industriais Guilherme Krauter e Antonio Beraldo e o subdelegado de polícia Adolpho Martins. 

Em seguida, foram empossados AngeloPagotto como coletor estadual, que naquela época também era vereador, e Sergio Dias, irmão do presidente do partido do governo em Cordeirópolis, como escrivão. Em seguida, os presentes se dirigiram à residência de Moacyr Dias, onde os funcionários que assumiram os cargos ofereceram um almoço, aproveitando-se para serem lançadas as candidaturas de Cabral a deputado federal e Benedito Pires Joly para estadual. Como foi praxe por muito tempo na cidade, “tanto o ato de instalação da Coletoria Estadual como o almoço foram irradiados pelo Serviço de Alto Falantes América”, o famoso SAFA. 
 Revivendo História - Portal Cordero Virtual
Revivendo História
Por: Paulo César Tamiazo - Historiador - MTE nº 713/SP
Revivendo a Historia publica artigos periódicos sobre os mais variados temas da História de Cordeirópolis - https://orcid.org/0000-0003-2632-6546
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