Nesta oportunidade, vamos recuperar as notícias sobre Cordeirópolis, incluídas nas edições do jornal “O Estado de São Paulo”, que constam de seu site “Acervo Estadão”, conforme pesquisa realizada anteriormente, durante os anos de 1976 a 1979.
Em 1976, o principal destaque foi a visita do então governador Paulo Egydio Martins (ARENA) a Cordeirópolis. A presença de Egydio foi destaque em toda a imprensa do Estado, tendo inclusive sido capa da Folha de São Paulo, onde o governador atendeu a reportagem falando do contexto político de então.
Segundo o correspondente do Estadão, “Egydio chegou a Cordeirópolis com uma hora de atraso, pois o mau tempo obrigou seu helicóptero a fazer um pouso de emergência na Via Anhanguera, nas proximidades de Valinhos.
Daí, segundo o jornalista, “o governador seguiu numa viatura da Polícia Rodoviária até Cordeirópolis, onde chegou às 11 horas. Recebido por uma banda de música, escolares e rojões, dirigiu-se para o parque municipal, onde assinou alguns contratos de obras e entregou um cheque de Cr$ 100.000,00” ao Prefeito José Alexandre “Deloti” (sic), para a construção do Centro de Lazer do Trabalhador”.
O chamado “parque municipal” na verdade era o chamado “Lago dos Patos”, local onde funcionou, durante algum tempo, o zoológico municipal, além de um lago com pedalinhos. Esta estrutura foi fechada poucos anos depois, em 1983, e ainda está na memória de todos os que moraram e cresceram em Cordeirópolis no final da década de 1970. Atualmente o local é um terreno baldio, onde sobrou o pórtico que dava acesso a este equipamento.
A este tempo, eu contava com quatro anos de idade, e me lembro perfeitamente de todo o barulho ensurdecedor causado pela comemoração com a chegada do Governador. Não tinha conhecimento, com esta idade, de todo o contexto e de tudo que estava sendo feito, mas fui a chamada “testemunha ocular da história”.
Em seguida, conclui a reportagem com um fato pitoresco: “Após receber vários presentes, o governador foi surpreendido pelos beijos cheios de entusiasmo de uma mulata e o imprevisto provocou manifestações dos assistentes e risos da comitiva (...).
Em agosto, o correspondente do Estadão destaca as medidas tomadas pelo MDB, então partido de oposição “para que sejam aplicadas sanções (perda de mandato) aos vereadores David Alves de Oliveira e Isael José Felippe, acusados de infidelidade partidária”.
Conforme documentos preservados no arquivo da Câmara Municipal, pesquisados no final da década passada, estes vereadores contribuíram para a aprovação de um projeto que beneficiada uma empresa industrial, com a desoneração de uma área de terras doada pelo município. Não se sabe o que aconteceu em seguida, mas a imprensa local também deve ter reportado o fato.
Em novembro, o jornal destaca o resultado das eleições para prefeito: “Conseguindo maior número de votos do que seus quatro adversários juntos, Elias Abrahão Saad, da ARENA, foi eleito prefeito de Cordeirópolis, com 1.698 votos. A votação dos outros candidatos foi: Cyriaco Hespanhol, da Arena, 582 votos; Mario Zaia, do MDB, 438, José Geraldo “Boteol” (sic) e Braz Coleta, ambos do MDB, 463 e 98, respectivamente. Não temos acesso aos dados oficiais do TRE-SP para confirmar esta informação.
Em julho, o jornal tinha feito uma pequena nota, encerrando as notícias recuperadas deste ano, indicando que as Rodovias Anhanguera e Washington Luiz eram “um canteiro de obras que se alonga por dez quilômetros, na tentativa de entregar ao tráfego as quatro pistas entre a divisa de Cordeirópolis e a entrada de Araras”.
Iniciado o ano de 1977, a primeira reportagem a ser selecionada para publicação foi em 3 de fevereiro, onde o correspondente informa sobre a “repercussão na cidade sobre as decisões tomadas em janeiro na Câmara”. De acordo com o calendário vigente na época, a legislatura e o mandato do Prefeito encerravam-se em 31 de janeiro, sendo que o primeiro período em que o mandato começou em 1º de janeiro foi em 1989.
A reportagem destaca “o aumento nos vencimentos do Prefeito em 250%, a criação de um subsídio para o Vice-Prefeito, aumento dos impostos em 500%”, ressaltando que “o Vice-Prefeito ganhará cinco Valores Referência e não terá nenhuma função administrativa.”
O que a reportagem não sabia (ou não quis saber) é que estas decisões estavam embasadas em determinações em vigor para todo o Brasil, no momento em que se oficializa a remuneração dos agentes políticos, uma reivindicação de anos que tinha sido finalmente atendida.
A segunda nota neste ano, foi dada em 5 de agosto, em que, numa reportagem do Suplemento de Turismo, aborda-se uma viagem de São Paulo a Brasília, passando pelas rodovias Anhanguera e Washington Luiz. Falando de passagem sobre a cidade, diz-se que: “passa-se tangencialmente às pequenas localidades de Cordeirópolis e Santa Gertrudes, admirando os canaviais e o grande número de cerâmicas existentes, principalmente nas imediações das duas cidades”.
Durante o ano de 1978, algumas notas apareceram sobre Cordeirópolis, enviadas pelo correspondente e aceitas para publicação pela redação. Em janeiro, o correspondente anônimo ressalta as novas medidas adotadas pela administração que iniciou seu mandato no ano anterior:
“Enquanto os contribuintes tiveram, em dois anos, os impostos aumentados em quase dez vezes, a Prefeitura doa terrenos valiosíssimos, a título de incentivo, a indústrias sem condições de cumprir os encargos a que se obrigam. Ultimamente, de seis doações feitas, duas foram revogadas, uma por ação judicial e outra amigavelmente. Houve mais dois casos de doações que resultaram em nada: em um deles, a empresa pediu concordata; no outro, foi à falência.”
Os contemporâneos têm conhecimento da situação, e ao conversar com eles, todos saberão dar maiores detalhes sobre os acontecimentos.
Em outubro deste ano, destaca-se indiretamente a pavimentação da Rodovia SP-316, que liga Cordeirópolis a Rio Claro, e as consequências desta melhoria: “A construção de um acesso à Rodovia Anhanguera, passando pelo bairro do Cascalho, permitiu uma redução de aproximadamente dez quilômetros na ligação de Cordeirópolis a Araras e cidades vizinhas. E está fazendo com que muitos veículos, que antes trafegavam pela Washington Luiz, agora passem por Cordeirópolis, a fim de encurtar o percurso.”
Em algumas oportunidades no ano de 1979, Cordeirópolis foi citada em reportagens do “Estado de São Paulo”. As primeiras referências são durante o mês de fevereiro, onde foi citada, no dia 11, a inauguração do “Centro de Lazer do Trabalhador”, em convênio com a Secretaria do Trabalho e depois com a de Esportes e Turismo do Estado. Vale lembrar que o Centro de Lazer teve origem na visita do Governador em 1976, quando foi entregue um cheque para início das obras. No dia 21, é destacada a inauguração da duplicação das Rodovias Anhanguera e Washington Luiz, no trevo de entroncamento das duas rodovias, entre Limeira e Cordeirópolis, após um ano de obras.
Em 25 de abril, um fato rotineiramente repetido, conforme já tivemos oportunidade de indicar: “a falta d´água preocupa Cordeirópolis”. Segundo a reportagem, “o nível da represa do Cascalho (...) cai rapidamente, em consequência da já prolongada estiagem”. Na zona rural, misturam-se as ligações autorizadas com as clandestinas (...). O SAAE ainda não pôs em prática as medidas disciplinares que há tempos vem prometendo”. O mesmo problema, soluções diferentes; ontem, e hoje.
No dia 3 de junho, em uma ampla reportagem sobre os incentivos industriais do interior paulista, especialmente na região de Campinas, o jornalista destaca que a queimada resultou na extinção de grandes áreas de interesse ecológico; a comunidade mantém “vínculos fortes” com a citricultura, devido à “estação experimental do Instituto Agronômico situar-se em Cordeirópolis, e não em Limeira, como o próprio órgão às vezes divulga”.
Em outro momento, a reportagem ressalta a “instalação de um comitê de defesa do meio ambiente, para discutir planos de instalação de indústrias e avaliar os prejuízos causados com a derrubada do Horto Florestal da Fepasa”. Por esta época, foi tentado o tombamento da área, através da indicação do então deputado José Felicio Castellano, mas o processo foi arquivado após mais de 35 anos de tramitação, quando a realidade já tinha sido radicalmente modificada.
Em julho, o correspondente destaca que “a passagem sobre a Rodovia Washington Luiz já vem sendo utilizada e provocando muitas críticas. Com uma das cabeceiras na Rua José Bonifácio, cruza a Rua José Moreira e a falta de segurança fica por conta das duas convergências, duas bifurcações e quatro cruzamentos.
Segue a reportagem, falando do atual “Viaduto Moises Tocchio”, cuja mão de direção foi invertida nos últimos anos: “no acesso ao Jardim Bela Vista, há ainda mais dois cruzamentos, uma bifurcação e uma convergência, colocando em risco a vida dos que utilizam o viaduto, única passagem para pedestres e ciclistas que residem no Jardim Bela Vista e na Vila São José”.
Ao contrário do tom catastrófico da reportagem, este local tem sido utilizado por mais de 35 anos, sem gerar acidentes, em função do complexo desenho do viaduto. Vale lembrar que o Jardim Bela Vista foi criado em 1969 e a Vila São José em 1975, os únicos bairros que existiam na atual Zona Sul de Cordeirópolis naquela época.
Em uma próxima oportunidade, iremos recuperar e mostrar as reportagens sobre Cordeirópolis encontradas nas edições do jornal “O Estado de São Paulo, durante a década de 1980. Vale lembrar que Cordeirópolis, contava, desde 1973, com um jornal semanal, chamado “Jornal de Cordeirópolis”, onde muito mais notícias poderiam ser recuperadas. Infelizmente, o acesso a estas publicações é limitado e as edições não foram digitalizadas, o que poderia resultar em muito mais descobertas.