A inestimável foto aérea do então Distrito de Cordeiro, tirada entre 1939 e 1940 pela ENFA (Empresa Nacional de Fotos Aéreas) a pedido do IGG (Instituto Geográfico e Geológico) dá uma ideia de como efetivamente era a nossa cidade naquele momento.
Depois de muitos anos de pesquisas, através de informações conseguidas de diversas fontes, destacamos os principais edifícios e lugares da Vila de Cordeiroque podem ser identificados através da foto.
Em primeiro lugar, destaca-se a Estrada de Cascalho. Aberta durante a década de 1920, chamava-se oficialmente Ramal de Rio Claro e tinha por objetivo ligar a cidade de Rio Claro à Via Anhanguera, que naquele momento se chamava Estrada São Paulo-Ribeirão Preto.
Depoimentos conseguidos por mim dão conta que, quando a estrada foi inaugurada, membros da sociedade cordeirense abordaram o Presidente do Estado de São Paulo daquele período, perguntando quando o prédio das Escolas Reunidas (depois Grupo Escolar de Cordeiro) seria inaugurado, tendo recebido a resposta que não haveria inauguração oficial e que ele poderia ser ocupado sem mais delongas.
A indicação “fábrica de fogos” se refere a uma empresa que foi instalada na década de 1930 num local onde posteriormente foi criada uma indústria de cartolina, sucedida por uma indústria de papel e papelão que se encontra no local até hoje.
O Tanque da Companhia Paulista era usado como reservatório de água para abastecer as locomotivas a vapor, que trafegaram desde o início da ferrovia, em 1876, e que naquele tempo fazia o trajeto do ramal de Araras, que funcionou por cem anos, entre 1878 e 1977.
As Amoreiras eram uma propriedade particular, inicialmente da S.A. Indústrias de Seda Nacional, que tinha por objetivo o cultivo de amoreiras para servirem de alimento ao bicho-da-seda, cujos casulos em um processo posterior forneciam o fio de seda. O processo de produção do tecido passava por três processos – fiação, torção e tecelagem, e durante muito tempo, a cidade tinha estabelecimentos deste porte. Em 1942 a área foi desapropriada pelo Estado.
A Fioseda foi uma empresa criada alguns anos antes da foto por proprietários e comerciantes de Cordeiro e Limeira, e que, logo depois do período em que esta foto foi tirada, foi vendida a dois comerciantes de São Paulo – David Wilhelm Krauter e seu irmão. Conhecido como “Guilherme Krauter”, após seu falecimento seu nome foi dado à rua onde sua empresa estava sediada, e que antigamente se chamou “Rua Nova da Paz”, aberta há aproximadamente cem anos.
Destacamos nesta rua dois locais importantes: entre a Rua Visconde do Rio Branco e a Rua 7 de Setembro esteve instalada por muitos anos a cerâmica de Manoel Beraldo, que posteriormente se transferiu para as margens da Rodovia Washington Luiz e que funcionou até o fim do século passado como “Cerâmica Terranova”.
Também próximo à cerâmica de Manoel Beraldo estava o sítio de Antonio Manoel Pereira, proveniente da divisão da Fazenda São Joaquim. Antoniose casou, em idade avançada, com Marieta Crozatti, de Rio Claro. Ficando viúva, Marieta decidiu lotear o sítio que recebeu como doação em seu casamento e o transformou na Vila Santo Antonio, um dos mais tradicionais bairros da cidade, aberto há mais de 60 anos.
Os mais antigos e tradicionais locais da cidade estão representados: o Largo da Matriz, conhecido aquela época como Praça João Pessoa, nome que manteve até 1970, quando foi substituído pelo atual – Praça Comendador Jamil Abrahão Saad.
O Grupo Escolar Coronel José Levy, nome dado ao estabelecimento em 1935, teve origem em uma escola criada em 1889 e que começou a funcionar em 1890. Em 1913 o Estado informou que já havia a planta deste prédio, que foi construído entre 1917 e 1923 e daí passou a funcionar como Escolas Reunidas de Cordeiro, inaugurada oficialmente pelo Presidente do Estado de São Paulo em 13 de junho de 1919.
A cadeia, ou prédio do Distrito Policial de Cordeiro, tem origem na doação realizada por fazendeiros locais em 1912 e que foi inaugurado em 1915. Durante muitos anos, teve celas onde eram presos os delinquentes de baixa periculosidade. Mais de sessenta anos depois, em 1980, por estar em péssimo estado de conservação, o prédio histórico foi demolido e construída uma nova Delegacia de Polícia de Cordeirópolis, que tinha esta categoria desde 1950.
Por fim, no centro da povoação, está a Igreja Matriz de Santo Antonio, cuja construção se iniciou em 9 de março de 1886 por iniciativa do fundador de Cordeirópolis, Manoel Barbosa Guimarães. Em 1901, a primitiva Capela transformou-se em Paróquia, sendo ampliada entre 1906 e 1909. A torre mostrada terminou de ser construída em 1935, conforme apontamos em artigo deste ano.
