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 Recuperando fatos sobre as fábricas de fogos em Cordeiro (1911-1926) - Portal Cordero Virtual

Recuperando fatos sobre as fábricas de fogos em Cordeiro (1911-1926)

15/01/2016 09:52:50
Voltando a pesquisar o acervo do jornal “O Estado de São Paulo” disponível na internet, pudemos encontrar valiosas informações que até agora não tinham sido conseguidas em nenhum outro local, além de confirmar depoimentos dos moradores da povoação há mais de 120 anos.

Neste texto, vamos recuperar informações específicas sobre a ação da empresa Baroni, que sob diversas denominações, operou o ramo de fogos de artifício durante diversos anos em Cordeiro. 

A primeira referência à existência da empresa de propriedade da família Baroni é uma pequena nota em agosto de 1911, enviada de Limeira, que dizia:

“Desastre – LIMEIRA, 23. O delegado de polícia tomou ontem, na Santa Casa, as declarações do menor Gabriel das Neves, vítima do desastre havido no dia 19, na fábrica de fogos dos srs. A. Barone  & Irmão, de Cordeiro”. 

Nada mais se conheceu até o momento sobre as conseqüências deste fato, ressaltando que ele foi sido mandado pelo correspondente de Limeira e não de Cordeiro. 

Interessante é o anúncio de 3 de julho de 1913, sob o título “Agradecimento ao Povo de São Paulo, onde
“A firma A. Baroni & Irmão, estabelecida na Villa de Cordeiro, com grande fábrica de fogos de artifício, tendo aberto este ano durante o mês de junho um estabelecimento denominado ´Loja do Barão´, para a venda a varejo de seus produtos, vem hoje perante o público de S. Pàulo demonstrar a sua gratidão pelo bom acolhimento que tiveram os seus produtos e pelas ordens com que os distinguiram, não só as famílias de São Paulo mas ainda o comércio em geral. 
Tornando mais uma vez patentes os seus agradecimentos, e afim de corresponde às atenções que mereceram, prometem voltar a São Paulo nos próximos anos, para melhor servirem sua distinta freguesia e desde já oferecem os seus préstimos na Villa de Cordeiro, à rua Treze de Maio, 9 e 11 (caixa postal 5), aonde aguardam os pedidos dos seus fregueses amigos, prometendo um esmerado cumprimento de suas ordens.” 

Em janeiro de 1915, a firma A. Baroni & Irmão, estabelecida em Cordeiro, em anúncio, informa “afim de desmentir insinuações malévolas espalhadas por indivíduos de má fé, com o intuito de prejudica-los no seu crédito, que, apesar da pavorosa crise que atravessamos, ficou inabalável, declaram a bem dos seus direitos que nada devem a todos os seus ex-empregados, pagos dos seus haveres até a presente data.

Outrosim, declaram que seu ex-mestre Francisco Chinnici está pago e satisfeito do seu haver, conforme quitação geral lavrada em 24 de dezembro de 1914 no cartório do segundo oficio de Limeira.” 
Vale lembrar que algumas vezes o nome de Chinnici é citado como proprietário ou mestre pirotécnico pela imprensa de S. Paulo. 
Em fevereiro, a mesma firma A. Baroni & Irmão inclui anúncio na edição de 18 de fevereiro de 1915, sob o título “Premiada Fábrica de Fogos Artificiais (Fundada em 1897) de A. Baroni & Irmão” – Cordeiro (Estado de S. Paulo), dizendo:

“Desde 1 de janeiro reabrimos o nosso antigo e conhecido estabelecimento, introduzindo os melhoramentos mais aperfeiçoados, dotando-o de aparelhos os mais modernos e dispondo de hábeis pirotécnicos, contratados diretamente na Europa, onde durante muitos anos deram prova da própria capacidade profissional.

Contra fatos não há argumentos, assim como sobre a nossa incontestável superioridade com as congêneres, que mais uma vez acaba de ser confirmado o seu progresso, comprovado pelo estrondoso sucesso alcançado” na comemoração da festa de São Sebastião, realizada no dia 31 de janeiro em São Pedro, de acordo com declaração transcrita no anúncio. A referência ao ano de 1897 como início das atividades surpreendeu, dando a entender que a fabricação de fogos de artifício pela família recuava ao século XIX. 
Em 19 de outubro de 1916, os proprietários da firma, Alexandre e Ettore Baroni, publicam um “agradecimento” ao Dr. Sebastião de Toledo Barros, médico de Limeira, demonstrando 
“o contentamento que hoje reina no nosso lar, pelo restabelecimento de nossa querida mãe” (...) “Com a sua sabedoria, com os seus prodigiosos curativos, debelou o mal que ameaçava a preciosa existência de nossa progenitora, e, de fato, triunfou acima de um desenlace fatal.

Com os nossos corações exultantes de júbilo e satisfação, vimos espontaneamente exprimir nestas linhas toda a imensa gratidão que perenemente ficará gravada. É pois com desvanecimento, que registamos aqui penhorados o nosso reconhecimento ao ilustre clínico, que sem receio, podemos cognomina-lo O Salvador da Humanidade”

Em 12 de março de 1919, sob o título “À praça”, a empresa A. Baroni & Cia., “industriais, estabelecidos com fábrica de fogos artificiais em Cordeiro, e fábrica de pólvora na estação de Tatu”, ambas no município e comarca de Limeira, e com escritório à Rua Líbero Badaró, nº 16-A, nesta Capital,” 
comunicam a esta e outras praças com as quais tem mantido relações que a partir de 10 de janeiro próximo passado admitiram como sócio solidário o seu antigo representante e amigo Sr. Calimerio Ferreira da Silva, conforme contrato arquivado na Junta Comercial do Estado, continuando, porém, com a mesma firma”. 
Esta publicação é interessante por citar, neste período, além da fábrica de fogos em Cordeiro, a existência de uma fábrica de pólvora no Bairro do Tatu, em Limeira. 

Infelizmente, a empresa volta a ser citada na imprensa, desta vez por um fato trágico. Por notícia de 10 de janeiro de 1920, intitulada “Em Cordeiro – Violenta explosão numa fábrica de fogos”, o correspondente em Cordeiro informa que
“Deu-se hoje, às 12 horas, mais ou menos, violenta explosão na fábrica de fogos artificiais de propriedade da firma A. Baroni & Comp. A explosão verificou-se no depósito de bombas, onde estavam trabalhando os operários Luiz Cipriani, solteiro, e Victorio Batelli, casado, que ficaram gravemente feridos.
O fogo comunicou-se aos outros compartimentos da fábrica, tendo os operários que ali se achavam trabalhando conseguido fugir. O prédio onde funcionava a fábrica ruiu por terra. 

Ao local do desastre, acorreu quase toda a população da Villa, tendo também comparecido o Sr. José Hyppolito de Moraes, sub-delegado de polícia, que tomou as necessárias providências. O Sr. farmacêutico José Moreira prestou os primeiros curativos aos feridos”. 

Depois de muitos anos, não se encontram mais referências especificas sobre os Baroni, encerrando o período com a seguinte nota, publicada em 30 de julho de 1926:

“À Praça: comunicamos às praças com as quais mantemos transações, bem como a nossa distinta freguesia em geral, que a nossa firma (Baroni & Cia. Ltda.) nada tem em comum com a de A. Baroni & Cia., da praça de Campinas, ora em falência”.
Somente nestas valiosas notas, preservadas pela ação benéfica do jornal “O Estado de São Paulo”, pudemos descobrir mais informações sobre a existência das fábricas de fogos em Cordeiro: a fábrica de A. Baroni & Irmão sofreu uma explosão em 1911, fato que não recebeu destaque ou não foi informado pelo correspondente em Cordeiro à época; o funcionamento da fábrica de fogos pelos Baroni, em Cordeiro ou Limeira, remonta a 1897, muito antes do que os documentos disponíveis indicavam.

A empresa, com o nome modificado de “Baroni & Cia.” manteve uma fábrica de pólvora no bairro do Tatu, em Limeira, que não havia sido citada na documentação existente. Outro fato notável é o registro da “outra” explosão de uma fábrica de fogos, anterior à registrada pela imprensa anos depois, ambas ocorridas no mês de janeiro. 

Conforme os relatos do correspondente, desta vez destacado pelo jornal, a explosão ocorreu no início da tarde, fazendo com que, com o alastramento do incêndio, o prédio da fábrica desabasse completamente. O detalhe é que a explosão teria sido ouvida pela maioria dos habitantes de Cordeiro que, aquela época, tinha somente as ruas do Centro. 

Costuma-se dizer que “um raio não cai duas vezes no mesmo lugar”. No nosso caso, acho que o raio se refletiu e permaneceu, pois uma pesquisa realizada com um termo diferente, no mesmo acervo do jornal, permitiu a descoberta destas e de outras informações que serão divulgadas oportunamente. 

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 Revivendo História - Portal Cordero Virtual
Revivendo História
Por: Paulo César Tamiazo - Historiador - MTE nº 713/SP
Revivendo a Historia publica artigos periódicos sobre os mais variados temas da História de Cordeirópolis - https://orcid.org/0000-0003-2632-6546
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