A chamada "Lei Áurea" representou a solução para uma situação que já estava ocorrendo há algum tempo, com as revoltas e fuga de escravos das fazendas, com a ação dos abolicionistas em todo país. Em Cordeirópolis, que àquela época ainda se chamava Cordeiro, ganhou destaque a ação do promotor Antonio Bento de Souza e Castro, que liderava os "caifases", indivíduos que auxiliavam a fuga de escravos das fazendas. Seu nome ficou na atual praça da Prefeitura desde 1890, quando o local passou a se chamar "Praça Antonio Bento", até 1972, quando o nome foi substituído pelo atual. Seu nome foi colocado em uma rua do bairro Portal das Torres em 2008.
Como já frisamos em outras oportunidades, a povoação de Cordeiros, composta das ruas do Centro e de grandes propriedades rurais, cujo território chegava até ás divisas de Rio Claro e Araras, pertenceu até 1890 a Rio Claro e por isso se incluia neste fato, como um território "livre de escravos" alguns meses antes da Abolição nacional.
Segundo pesquisas realizadas por José Roberto Sant´Anna e publicadas na imprensa de Rio Claro, no dia 5 de fevereiro de 1888, foi determinado pela Câmara Municipal de Rio Claro o fim da escravidão legal no município, em evento realizado a partir das 18 horas, com a presença de abolicionistas locais e do Município de Limeira.
Com relação a Araras, cidade vizinha e que tinha fortes ligações com o Bairro do Cascalho, a abolição da escravidão no município ocorreu em 8 de abril de 1888, em sessão extraordinária da Câmara, a partir das quatro e meia da tarde. Naquela cidade, destacou-se inicialmente que "diversos municípios importantes" estavam se adiantando ao libertar seus escravos.
Após a declaração de liberdade, feita pelo então Presidente do Legislativo, Ignacio Ubaldino de Abreu, compareceu também o Presidente da Câmara de Rio Claro, o barão de Grão-Mogol, para participar do evento, a convite da comissão organizadora, consignando-se um agradecimento a todos que estavam no local.
Em Araras, tanto a data comemorativa, 8 de Abril, como o nome de Lourenço Dias são lembrados em ruas e praças da cidade. Lourenço Dias era proprietário da Fazenda São Thomé e passou a abrigar escravos fugidos, realizando inclusive passeatas em Araras com ex-escravos, que segundo registros, cantavam e dançavam ao som de tambores e pandeiros, exibindo um estandarte com o nome da fazenda, de acordo com Ana Castilho, historiadora do Legislativo ararense, em publicação na internet.
Com relação a Limeira, não encontramos, numa pesquisa online, nenhuma referência específica à data da abolição da escravidão em seu território, mas pesquisas anteriores indicam que a ação da Câmara Municipal para realizar a libertação dos escravos do município ocorreu em 26 de fevereiro de 1888, conforme referências em atas copiadas e datilografadas na década de 1990, às quais tivemos acesso naquele momento. Entretanto, neste período Cordeiro ainda não pertencia a este município.
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