Nem é preciso comentar o quanto a pandemia afetou o mercado de eventos. Debelado o surto, entretanto, o segmento promete ir à forra, fazendo festa até por ocasião de datas pouco exploradas no calendário promocional.
Começando por 4 de janeiro, o Dia Nacional da Abreugrafia – exame criado por um médico brasileiro para detectar a tuberculose no processo de admissão de novos funcionários. Como o exame não existe mais, a data também foi, compreensivelmente, relegada a certo esquecimento. Uma injustiça, ainda a tempo de ser reparada.
Dia 7 é a vez do mecânico de manutenção de aeronaves fazer uma pausa para brindar, com seus pares, o valor de seu insubstituível trabalho. A depender do ano, pode-se muito bem fazer uma “ponte”, emendando a folga com o Dia Estadual do Juiz Eclesiástico de Paz, que acontece 72 horas depois.
Já no Dia da Imprensa Filatélica, a previsão é de um rega-bofe alusivo às milhares de publicações que enchem as bancas e salvam do vermelho nosso sofrido mercado editorial, todas elas dedicadas ao fabuloso universo dos selos. Na ocasião, um baile costuma ser promovido na sede de campo da ABRAJOF – Associação Brasileira de Jornalistas Filatélicos, entidade sediada em Ribeirão Preto (abrajof.wordpress.com). A propósito, há controvérsias se a Associação reúne jornalistas que produzem matérias sobre filatelia ou se são apenas jornalistas colecionadores de selos. A diferença é grande, convenhamos, e desta distinção com certeza dependerá o destino da humanidade.
Em fevereiro temos, com intervalo de uma semana entre uma data e outra, o Dia da Roupa de Baixo (no qual cuecas e calcinhas deixam os varais para, em passeata, exibirem suas cores e formatos em praça pública) e o Dia do Surdo-Mudo – sobre o qual pouco se tem falado ou ouvido.
Prosseguindo, chegamos a março e encontramos o Dia do Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito da Maçonaria para a República Federativa do Brasil. Mas poderia ser também o dia da perda de fôlego, de tão longo que é o nome da efeméride. Até terminar de enunciar a data comemorativa já estaremos no dia seguinte, e a comemoração terá passado em brancas nuvens.
Em 17 do mesmo mês, brinda-se ao Dia do Fã. E como há fãs para tudo neste mundo, teremos festa no fã–clube dos que adoram ser fãs de alguma coisa e indiferença no fã–clube dos que odeiam e boicotam comemorações.
Março termina sob efeito da Anestesia Geral, cujo dia é comemorado em 30 daquele mês. Não por acaso: o dia 30 costuma encontrar todo mundo sem dinheiro para fazer nada. O que explica a pasmaceira geral até que vire o mês e caia algum na conta. É preciso aqui deixar claro que o Dia da Anestesia Geral é festejado globalmente, ao passo que o Dia da Anestesia Local é ponto facultativo em alguns municípios isolados.
Abril começa com o famigerado Dia da Mentira, e você dirá que é mentira minha que se comemora, na mesma data, o Dia do Tomate. Algumas fontes não muito confiáveis informam que o dia correto alusivo ao legume é 1 de fevereiro, mas apuramos que é mentira.
E o ano prossegue com um vasto rol de oportunidades. Para citar apenas algumas, temos o Dia do Pracinha Paranaense, o Dia do Parque de Diversões, o Dia Mundial dos Discos Voadores, o Dia do Dedo do Meio e o Dia Municipal da Luta de Braço – este comemorado apenas em Belo Horizonte.
Ah, também não dá pra esquecer o 22 de setembro – Dia Mundial de Combate ao Mau Hálito. E, não que uma coisa seja necessariamente consequência da outra, mas logo em seguida temos do Dia da Tia Solteirona.
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