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 Encontrados nos destroços - Portal Cordero Virtual

Encontrados nos destroços

29/10/2024 16:48:14
31 de julho de 1944. O piloto e escritor Antoine de Saint Exupéry partiu da Córsega para uma missão de reconhecimento, quando seu avião desapareceu.

15 de dezembro de 1944. O avião do músico Glenn Miller voava para a França quando sumiu do alcance dos radares.

Todas as tentativas de buscas foram inúteis. Até ontem.



Os lápis de Antoine

Passados 80 anos, alguns achados ainda fumegavam quando foram avistados por um grupo de turistas trilheiros. Primeiro, uma caixa de metal com a marca “Caran d’Ache”. Dentro, duas dúzias de lápis inacreditavelmente apontados, apesar da queda. E ainda alinhados, em degradês de tons, do branco para o preto. Embaixo dos lápis, uma folha de papel amarelada cheia de rascunhos coloridos. Desta vez não eram aquarelas, como no Pequeno Príncipe, mas desenhos em lápis de cor. O mesmo traço da jiboia digerindo o elefante, só que as imagens eram outras. Poderia ser o projeto para uma edição revista do Petit Prince, talvez um Petit Prince parte 2, quem sabe um outro livro ainda em gestação. Na extremidade esquerda dos rascunhos, a frase “O essencial é invisível aos olhos: aponte o desenho para o sol!”. Assim fizeram e uma outra frase surgiu em marca d’água, bem no centro das ilustrações rascunhadas: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cavucas”. Passou a fazer sentido aquela pá enferrujada, ao lado do leme retorcido do avião.



Os óculos de Glenn

A escavação já tinha um metro e meio de profundidade por uns 80 centímetros de diâmetro. Até que da entranha da terra apareceu um disco 78 rpm, “Glenn Miller and his fabulous orchestra”, lascado e cheio de riscos, com algo escrito no rótulo em letras microscópicas. Passou a fazer sentido aqueles óculos tortos e empoeirados, ao lado de um trumpete em ruínas. Um dos turistas colocou os óculos e viu que o rótulo do disco trazia instruções: “Gire ao contrário na vitrola, ao fim da última faixa do lado B. Tudo ficará esclarecido”. Mas não chegaram a seguir a orientação. Aliás, não chegaram – o avião em que estavam na volta da viagem, e onde traziam a caixa de lápis de cor, os rascunhos coloridos, os óculos de Glenn e o disco misterioso sumiu sem explicações, no meio do Pacífico. Aeronave e passageiros seguem desaparecidos.



Esta é uma obra de ficção

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Consoantes Reticentes
Por: Marcelo Pirajá Sguassábia
Humor, nonsense e sátira. Junte a isso algumas incursões no universo onírico. É esse mais ou menos meu estilo: o não-estilo definido. Sou redator publicitário, pianista diletante, beatlemaníaco fanático e amante de filmes e livros sobre viagens no tempo.
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