Frequentemente nas redes sociais surgem casos envolvendo dentes e, em especial, o do siso. Os dentes do siso, também chamados popularmente de dente do juízo, pois erupcionam ao final da adolescência, são os terceiros molares, que, segundo a teoria da evolução da espécie, estão em extinção. 

Há pouco tempo, em uma rede social, uma influenciadora chamada Maria Tereza, de 23 anos, compartilhou um relato de sua experiência de retirar 8 dentes do siso de uma vez. 

O cirurgião-dentista Dr. José Roberto Barone, presidente da Câmara Técnica Bucomaxilofacial do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), esclareceu que não é possível ter mais do que quatro dentes do siso; na realidade, os sisos são os terceiros molares, mas também é possível encontrar um dente a mais na arcada, o quarto molar. “Nossos antepassados, os homens pré-históricos, possuíam [o quarto molar] em sua arcada maior e, nela, é possível observar, em crânios encontrados hoje em museus, a presença de quartos molares, o que comprovaria a teoria da evolução das espécies por mudança de hábitos alimentares”. 

O especialista também explicou que é possível retirar todos de uma vez, mas que só o especialista CTBMF consegue avaliar essa possibilidade junto ao paciente. São vários critérios a serem examinados, desde a condição do dente e grau de dificuldade cirúrgica, até o estado de saúde geral do paciente. O Dr. Barone salienta que, com a remoção dos quatro dentes de uma vez, haverá um pior pós-operatório, além da dificuldade durante a alimentação, visto que ambos os lados estarão operados. Os casos devem ser discutidos entre paciente e cirurgião-dentista.   

A imprensa também repercutiu o caso do cantor sertanejo Felipe Amorim, que precisou cancelar um show por complicações após a cirurgia. O artista alegou que passou por procedimento de remoção de seis dentes do siso. O cirurgião-dentista explicou que é obrigatório para estes pacientes realizar uma boa anamnese e, se necessário, solicitar exames pré-operatórios para minimizar possíveis complicações. É necessário ser compartilhado com o paciente o termo de consentimento, onde deve constar todas as possíveis intercorrências que possam ocorrer durante o procedimento, como hemorragias, edema, fraturas radiculares, mandibulares e outras possíveis intercorrências. 

“Com relação à extração dos quatro ou mais elementos de uma vez, normalmente o profissional opta por esta alternativa, quando considera os dentes relativamente de fácil retirada. Porém, costumo dizer que cirurgia é sempre uma incógnita e, durante uma das extrações, pode ocorrer uma fratura radicular ou um sangramento maior que o habitual, o que pode aumentar o tempo cirúrgico”, pontua o Dr. José Roberto Barone. 

Casos de infecção também são possíveis. Sendo assim, geralmente é prescrito pelo cirurgião-dentista o uso de antibioticoterapia profilática com o objetivo de proteger a defesa oral do organismo. Entretanto, alguns pacientes podem ser resistentes ao antibiótico e desenvolver infecções, mesmo com a medicação. Em meio a isso, é importante o profissional acompanhar de perto o paciente no pós-operatório, a fim de sanar possíveis distorções e evitar uma infecção mais séria que leve a uma internação hospitalar. 

“Qualquer procedimento na área da saúde pode resultar em infecções, mesmos os procedimentos com todos os protocolos de assepsia e esterilização de material, antibioticoterapia.  As condições locais e sistêmicas do paciente também podem influenciar infecções severas. O cirurgião-dentista tem total autonomia para indicar, ou não, a medicação quando julgar necessária”, conclui o especialista. 

O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) é uma autarquia federal dotada de personalidade jurídica e de direito público com a finalidade de fiscalizar e supervisionar a ética profissional em todo o Estado de São Paulo, cabendo-lhe zelar pelo perfeito desempenho ético da Odontologia e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exercem legalmente.

Hoje, o CROSP conta com mais de 175 mil profissionais inscritos. Além dos cirurgiões-dentistas, o CROSP detém competência também para fiscalizar o exercício profissional e a conduta ética dos Técnicos em Prótese Dentária, Técnicos em Saúde Bucal, Auxiliares em Saúde Bucal e Auxiliares em Prótese Dentária.