A suplementação da vitamina D virou rotina para muita gente e tem sido recomendada há muitos anos, para diferentes faixas etárias. O hábito iniciado em países com inversos rigorosos, pouco a pouco atingiu também lugares mais quentes, chegando a países tropicais, como o Brasil. Em muitos casos as medidas são importantes, especialmente considerando os hábitos de vida atuais, com cada vez menos espaço para atividades ao ar livre e pouquíssima exposição ao sol.
No entanto, a chegada do verão sempre muda esta dinâmica e as viagens de fim de ano, férias na praia, os churrascos de final de semana ou o futebol com os amigos podem melhorar este cenário. Afinal, quais os riscos do excesso de vitamina D e por que é tão importante fazer uso correto da suplementação?
Vitamina D: pra que serve?
De acordo com o Dr. Daniel Lerario, clínico geral e endocrinologista, mestre e doutor pela Escola Paulista de Medicina, a principal função da vitamina D no organismo é regular os níveis de cálcio e fósforo no sangue, que são essenciais para a saúde óssea. “Esta vitamina também tem efeitos relevantes em funções musculares e imunológicas, prevenindo doenças.”
Especialmente no caso de pessoas com enfermidades crônicas, como osteoporose ou câncer, alguns grupos de pacientes devem receber suplementação de vitamina D mesmo sem a necessidade da dosagem, pois os benefícios de manter os níveis desta vitamina superam inclusive uma eventual superdosagem. Esta é uma das novidades da recente atualização das diretrizes lançadas pela Academia Americana de Endocrinologia. A recomendação de suplementar sem precisar dosar os níveis da vitamina no sangue não cabe para qualquer pessoa, mas apenas a alguns grupos específicos de pacientes.
Estão incluídos neste grupo, além dos já citados, crianças e adolescentes com até 18 anos e risco aumentado para raquitismo e, consequentemente, mais chances de desenvolver infecções respiratórias agudas; idosos com mais de 75 anos, pelo maior risco de mortalidade; gestantes, para proteção contra pré-eclâmpsia, parto prematuro e baixo peso ao nascer; e portadores de pré-diabetes, pois o nutriente diminui a probabilidade de evolução para diabetes nesse grupo específico.
De acordo com o novo consenso americano, cerca de 600 unidades diárias são suficientes para a população em geral e 800 unidades para aqueles que precisam de doses reforçadas. Entretanto, em mesmo para estas pessoas, em caso de necessidade de uso prolongado, ou caso residam em locais com clima tropical, como o Brasil, é importante atenção ou a orientação individualizada.
O excesso da vitamina D pode desencadear elevação de cálcio no sangue, náusea, vômito, fraqueza, anorexia, desidratação e até insuficiência renal. Em casos extremos, podem ocorrer alterações neuropsiquiátricas, como confusão, pancreatite e bradiarritmia, que é a arritmia caracterizada por batimentos cardíacos lentos.
Por este motivo, a orientação médica é sempre importante para que o paciente seja avaliado e a correta dose e modo de ingestão da vitamina sejam indicados.
Como obter vitamina D?
Além da suplementação, é possível obter a vitamina D2 (ergocalciferol) na alimentação, orienta o Dr. Daniel.
“Por meio do consumo de peixes e frutos do mar, ovo, leite e derivados, vegetais e cogumelos, além de suplementos”.
O nosso organismo também produz a vitamina D, sob a forma de vitamina D3 (colecalciferol), mas para que isso aconteça, é preciso que haja exposição da pele à luz solar, mais especificamente aos raios ultravioletas B (UVB) do sol, explica o especialista.
“Bastam 15 minutos, de 2 a 3 vezes por semana, no caso de pessoas de peles claras, ou de 30 minutos a 1 hora, no caso de pessoas de peles mais escuras, sem o uso de protetor solar em ao menos alguma região do corpo, como por exemplo nos braços ou pernas. É importante, no entanto, que as regiões mais sensíveis, como o rosto, estejam sempre protegidas”.