Em vida, dona Ignes (1914-2010) era conhecida pelos moradores como símbolo de amor, afeto, solidariedade e respeito às diferentes gerações. Em 2012, sua história foi reconhecida na Câmara Municipal de Cordeirópolis, através da Lei nº 2.795 de autoria da então vereadora na época Fátima Marina Celin, atual vice-prefeita do município, que instituiu a data 25 de julho como o “Dia de Ignes de Oliveira Cassiano” e o “Dia da Mulher Negra de Cordeirópolis”. Pouco mais de uma década depois, um trabalho de pesquisa dentro de uma universidade, se transformou em obra literária, por meio das mãos da autora Tamires da Costa Oliveira, que deixa registrado em seu livro, a trajetória de Ignes de Oliveira Cassiano, uma mulher negra no interior de São Paulo.
A noite de autógrafos aconteceu na última sexta-feira (29) no palco do Teatro Municipal e reuniu autoridades, pesquisadores, ativistas, universitários e artistas. Tamires explica que a ideia de contar a história de Ignes partiu de um desafio lançado pela vice-prefeita Fátima. “Pouca informação se tinha, sobre as lutas, as conquistas dessa mulher que muito contribuiu para a comunidade de Cordeirópolis. A partir daí fui em busca de depoimentos de pessoas que trabalharam, que convieram com ela e juntos fizemos uma releitura histórica, política, social e cultural em relação ao protagonismo das populações negras em Cordeirópolis”.
Tamires ainda destaca o reconhecimento do legado dessa mulher negra, relevando sua força na construção de laços de solidariedade, cuidado e autoproteção para com a comunidade local. “Esse legado também se manifesta em sua denúncia e resistência frente a estruturas e prática racistas, bem como as desigualdades que impactam desproporcionalmente determinados grupos. E assim, afirmando suas raízes resistentes, a trajetória de Ignes continua a florescer, nutrindo a memória e a história de Cordeirópolis”, comentou a autora.