Com a chegada da Páscoa, aumenta o consumo de chocolate e também as dúvidas sobre seus efeitos na saúde. A boa notícia é que, com moderação e escolhas conscientes, o chocolate, especialmente o amargo, pode integrar uma alimentação equilibrada. O alerta vai para os excessos, que impactam diretamente o fígado, o intestino e até o bem-estar mental.
“O chocolate ativa o sistema de recompensa do cérebro, liberando serotonina e dopamina, neurotransmissores ligados à sensação de prazer. Isso pode levar ao consumo exagerado, especialmente de chocolates ao leite e brancos, que têm alta carga de açúcar e gordura”, explica Gustavo Patury, cirurgião do aparelho digestivo da Rede D’Or.
Além de favorecer o ganho de peso, o consumo excessivo pode piorar sintomas gastrointestinais. “Chocolate em excesso pode causar estufamento, náusea, refluxo, distensão abdominal e até diarreia. Em pessoas com gastrite, ele também estimula a secreção ácida do estômago, agravando quadros como gastrite erosiva e úlcera”, complementa o médico.
Outro ponto de atenção é o impacto emocional. “Grandes quantidades de chocolate podem desencadear compulsão alimentar, com perda de controle sobre a ingestão”, alerta Patury.
Chocolate amargo: menos açúcar, mais benefícios
Na contramão dos industrializados com alto teor de açúcar, o chocolate amargo, com 70% ou mais de cacau, é rico em antioxidantes e polifenóis, substâncias com efeito anti-inflamatório e protetor, especialmente para o fígado e o sistema cardiovascular.
“Estudos apontam que, em pequenas quantidades diárias, o chocolate amargo pode contribuir na prevenção da esteatose hepática, já que pode reduzir processos inflamatórios, além de ajudar na prevenção de doenças metabólicas”, afirma Bianca Della Guardia, hepatologista e coordenadora clínica do Transplante de Fígado da Rede D’Or.
A esteatose hepática, conhecida como gordura no fígado, afeta cerca de 30% da população mundial e pode evoluir para quadros mais graves, como cirrose e câncer hepático, se não for tratada. Segundo a especialista, o diagnóstico precoce e mudanças no estilo de vida são essenciais. “Estudos mostram que a perda de mais de 10% do peso corporal pode reverter o quadro inflamatório e até a fibrose”, explica.
A especialista destaca que é fundamental estar atento ao tipo de chocolate consumido. “Quanto menor a porcentagem de cacau, maior a presença de leite, açúcar e gorduras saturadas. Versões são mais calóricas, como ao leite e chocolate branco, podem contribuir para o ganho de peso e o descontrole metabólico, fatores diretamente relacionados ao agravamento da esteatose hepática”.
Consumo consciente faz diferença
Para aproveitar os benefícios do chocolate sem comprometer a saúde, os especialistas recomendam:
- Preferir chocolates com mais de 70% de cacau;
- Evitar os mais processados e açucarados, como o chocolate branco e ao leite;
- Consumir com moderação – cerca de 30 a 40g por dia;
- Mastigar devagar;
- Combinar o consumo com frutas para aumentar a saciedade;
- Redobrar os cuidados se fizer uso de medicações emagrecedoras ou tiver realizado cirurgia bariátrica, já que o excesso de açúcar pode causar efeitos como o dumping (mal-estar com sensação de desmaio).
“O chocolate não precisa ser cortado da rotina, mas deve ser consumido com consciência. Pequenas escolhas, como optar por versões com mais cacau e evitar exageros, podem ter grande impacto na saúde”, finaliza Gustavo Patury.
Sobre a Rede D’Or
Maior rede integrada de cuidados em saúde no Brasil, com presença em 13 estados brasileiros e no Distrito Federal, a Rede D’Or tem foco em atendimento humanizado, qualificação da equipe, adoção de novas tecnologias, sendo referência em gestão hospitalar e na prestação de serviços médicos.
Fundada em 1977, no Rio de Janeiro, a Rede D’Or conta com 79 hospitais, 55 clínicas oncológicas, serviços complementares, e investe em inovação e pesquisa clínica, por meio do IDOR – Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino.