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 63% dos pais nunca falaram sobre morte com filhos pequenos, diz estudo - Portal Cordero Virtual

63% dos pais nunca falaram sobre morte com filhos pequenos, diz estudo

Especialistas contam como ajudar seu filho a entender a morte

20/06/2024 06:00:01
63% dos pais nunca falaram sobre morte com filhos pequenos, diz estudo
63% dos pais nunca falaram sobre morte com filhos pequenos, diz estudo
Segundo um levantamento da University College London, realizado em 26 países (incluindo o Brasil), 63% dos pais com filhos entre 5 e 10 anos nunca tinham conversado com eles sobre a morte; 21% tiveram apenas uma conversa sobre o assunto e 16% falavam abertamente com seus filhos. 

Conforme Danielle H. Admoni, psiquiatra geral e da Infância e Adolescência, pesquisadora e supervisora na residência de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM); é normal ter receio de falar sobre morte com um filho. 

“Entretanto, por mais desconfortável que seja, os pais nunca devem se esquivar, se omitir ou mentir. Minimizar uma perda fará com que a criança crie pensamentos distorcidos e incompatíveis com a realidade, gerando consequências no desenvolvimento psíquico infantil”, explica a especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). 

Segundo a psicóloga Monica Machado, fundadora da Clínica Ame.C e pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein; falar sobre o assunto com a criança pode ajudá-la a compreender aos poucos a finitude da vida e prevenir potenciais traumas no futuro. 

“Vale lembrar que as crianças não devem ser rotuladas como incapazes de lidar com uma perda. Abordar a morte de maneira sensível e apropriada à idade pode ajudar a mitigar o impacto emocional e promover um entendimento saudável do ciclo da vida”, reforça a host do podcast Ame.Cast. 

Em referência ao Dia Nacional do Luto, em 19 de junho, saiba como abordar o tema com seu filho: 

Quem deve falar com a criança? “A pessoa deve ser referência de confiança, de vínculo com a criança. Ter o olhar acolhedor, a escuta atenta e a aceitação das reações. Isso é fundamental para que ela consiga processar as informações com total liberdade para exteriorizar suas emoções”, diz Monica Machado. 

Como iniciar a conversa? O ideal é fazer uma sondagem antes, segundo Danielle Admoni. “Pergunte o que ela entende, até para você ter uma ideia do quanto de informação a criança tolera e evitar expor além do necessário. Nem todas suportam muitos detalhes”. 

E quando ela fizer as mesmas perguntas várias vezes? A psiquiatra orienta a ter muita paciência. “Quando vier uma pergunta repetida, use sempre a mesma explicação, mas diversifique as palavras. Ampliar o repertório pode deixar a criança um pouco menos confusa, ainda que ela não tenha total compreensão do que significa a morte”, argumenta Danielle Admoni. 

Nunca associe morte com sono ou viagem: jamais invente histórias do tipo: “ele dormiu, descansou” ou “viajou para bem longe”. “A criança entende as frases exatamente como são ditas, e isso pode repercutir negativamente no cotidiano”, pontua a psicóloga Monica Machado. Segundo ela, a criança terá a ilusão de que a pessoa que morreu está apenas dormindo e vai acordar a qualquer momento. 

Ou, ao contrário. Achar que alguém vai dormir e não acordar mais, o que pode comprometer o seu próprio sono. Ela também pode passar a deduzir que todo mundo que viaja não volta mais, e começar a ter crises cada vez que o pai ou a mãe viajarem a trabalho, por exemplo. 

“Outra história que costuma ser contada é que a pessoa virou uma estrelinha. Imagine a criança olhar para o céu e pensar que todas as estrelas são pessoas mortas?”, questiona Monica Machado. 

Jamais desconsidere o que a criança sente e pensa: dê espaço e oportunidades para seu filho expor, à sua maneira, seus medos, sentimentos e suas milhões de dúvidas. 

“Mostre que você se importa. Ouça-o até o final, sem interrupções. Deixe para falar somente quando tiver certeza de que ele disse tudo o que precisava. Essa postura fará com que seu filho sinta conforto para abrir suas emoções”, explica Admoni. 

Não esconda seus sentimentos: “Não queira passar a imagem de que está tudo bem. Ao contrário, exponha suas emoções e chore, se tiver vontade. Isso fará a criança perceber que seu próprio sentimento é normal. Demonstre que, assim como seu filho, você também está muito triste, e que é absolutamente natural”, elucida Monica Machado. 

A criança deve ir a velórios ou enterros? Não se deve forçar, mas a criança pode se beneficiar de participar junto com os adultos. Os rituais servem para que todos vivenciem melhor a despedida, inclusive os pequenos. As especialistas concordam que velórios e enterros não traumatizam as crianças. 

“Explique muito bem antes como é o velório ou o enterro, e pergunte se ela quer ir. A criança precisa saber antes que será triste, e que muitas pessoas estarão chorando. Não decida pela criança que ela deve ficar de fora, mas também não a obrigue a ir se ela não quiser, e não deixe que se sinta culpada se não for”, esclarece Danielle Admoni. 

Apoio é fundamental: de acordo com Monica Machado, é preciso entender que o luto é um processo, e não um evento. “Isso quer dizer que demanda tempo, e cada criança precisará do seu para superar a perda. Pressionar a criança para voltar à vida normal, sem dar o tempo necessário, implicará em outros problemas ou reações negativas”. 

Para a psiquiatra, é natural que seu filho apresente mudanças de comportamento, como choro fácil, episódios de raiva, agitação e medo de ir à escola. “No começo, deixe-o se manifestar como preferir, sem julgamentos. Há quem prefira chorar e gritar. Outros, precisam de solidão e silêncio para absorver as informações. Permita que seu filho experimente as emoções conforme seu temperamento, mas sempre ficando por perto”. 

Quando procurar ajuda profissional? É preciso observar episódios de raiva ou hostilidade excessivas, ou quando a criança não expressa nenhum luto, ou quadros de ansiedade e desmotivação que interferem nas atividades diárias, durando semanas. “Se chegar a este ponto, é hora de buscar suporte com profissionais de psicologia e/ou psiquiatria”, alerta Danielle Admoni.

Fonte: FGR Assessoria de Comunicação
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