Infelizmente temos observado o quanto estamos nos afastado um do outro. Muitas pessoas vivem como se fossem uma ilha, fechados em si mesmos. E a tecnologia tem contribuído muito com isso, TV/ celular/ computador tem isolado pessoas em seu “mundinho”.
Quem nunca viu? No restaurante, casais vidrados no celular. Reuniões de família, e a TV roubando a cena das conversas informais. Ônibus, sala de espera, e tantos outros lugares, que as pessoas ficam quietas com a cabeça baixa, com um aparelho na mão, enquanto passam tantas pessoas por sua volta, desejosos por uma interação.
O que estamos fazendo com a nossas vidas? Com nossos relacionamentos? Cada vez mais frios e isolados.
Aceitando ou não, somos seres relacionais e dependentes. Precisamos cuidar e sermos cuidados, seja fisicamente e/ou emocionalmente.
A dependência física ocorre quando precisamos de ajuda para realizar alguma coisa. Por exemplo, se tem algo muito pesado para ser carregado, é necessário uma força extra para cumprir a tarefa. Ou se você não sabe cozinhar, vai precisar comprar comida (que alguém fez) ou contratar alguém que faça para você.
Como deficiente, tenho algumas limitações físicas, que me impedem de fazer sozinha algumas coisas. Apesar de conseguir realizar várias atividades de forma autônoma. Muitas vezes tenho que ter humildade e reconhecer que sozinha não dá, e preciso de ajuda.
Já a dependência emocional, é mais complexa, pois é uma situação onde a pessoa depende de outra para tomar decisões ou da aprovação do outro para realizar algo.
Imagine a situação: você tem um amigo em quem confia muito, e antes de tomar qualquer decisão, você sente a necessidade de falar com ele. Sabe aquela situação das amigas que uma liga para outra e pergunta: Com que roupa você vai? Só para ter certeza que estaremos adequadas.
No meu caso, o fato de ser deficiente, faz com que muitas pessoas confundem, e queiram tomar decisões por mim. Acham que precisam pensar por mim, o que não é verdade. Mas entendo que é uma forma de quererem me ajudar. Mas deixo claro, minhas opiniões e minha vontade.
Ao longo dos anos tive que entender (ainda estou no processo) que muitas vezes sou cuidada, mas que tenho condições de cuidar também. Às vezes preciso de ajuda, outras ajudo com minhas reflexões, com meu sorriso e com meu abraço. Como deveria ser naturalmente para todas as pessoas.
Mas como ser “cuidador”, se as pessoas estão tão interiorizadas em seu “mundinho”? Onde estão as pessoas dispostas a ajudar, a “facilitar” a vida do outro?
Ainda vemos pessoas estacionando em vagas prioritárias; sentadas confortavelmente no ônibus, enquanto tem pessoas em pé com dificuldade; e tantas outras situações.
Mas nem tudo está perdido. Se você está me lendo, já demonstra que tem interesse pelo outro e que podemos sim, fazer a diferença.
Que sejamos humildes quando precisarmos de ajuda, e abertos em ajudar sempre que necessário.
“A independência foi sempre o meu desejo, a dependência foi sempre o meu destino.” - Paul Verlaine
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