Dia 13 de junho costuma ser comemorado o aniversário de emancipação de Cordeirópolis. Emancipação significa o momento em que o então distrito tem suas reivindicações atendidas e se transforma em município, podendo a partir da instalação da Prefeitura e da Câmara Municipal, gerir os recursos de impostos arrecadados no seu território e realizar as obras necessárias para a melhoria das condições de vida da população.
Durante muito tempo, bastava um abaixo assinado da população ser encaminhado por um deputado à Assembleia Legislativa, que propunha um projeto de lei para a criação de municípios. Neste período, o distrito de Cordeiro (nome antigo de Cordeirópolis) tentou por duas vezes se emancipar de Limeira: em 1902, foi feita uma mobilização popular, e entregue um abaixo assinado dos habitantes pedindo a criação do município. A medida foi rejeitada pelos deputados e arquivada.
Na década de 1930, foi formada a "Aliança Autonomista de Cordeiro", que tinha por objetivo separar o então distrito de Limeira. Naquela época, o local, diferentemente de outros por todo o Estado, já contava com energia elétrica, com abastecimento de água pela Represa do Cascalho e com indústrias de fiação, torção e tecelagem, desenvolvidas a partir da experiência pioneira das "Indústrias de Seda Nacional", cuja plantação de amoreiras ocupava o terreno da atual Vila Nova Brasília.
Neste período, a imprensa de São Paulo já colocava o então distrito em uma relação de locais que tinham condições de se tornarem independentes, especialmente pela presença de certos equipamentos públicos e principalmente pela arrecadação de impostos, muito inferior proporcionalmente à que acontece hoje.
Entretanto, os sonhos se desfizeram, pois o único município criado na região foi Itirapina, em 1935 e as promessas feitas pela então deputada Maria Thereza Silveira de Barros Camargo, quanto à viabilidade política da criação do Município de Cordeiro, não se tornaram realidade.
Passaram-se os longos anos da ditadura de Getúlio Vargas (1937-1945) e a redemocratização reacendeu as esperanças da comunidade. Nesta época, Cordeirópolis já tinha mudado de nome (desde 30 de novembro de 1944, com validade a partir de 1º de janeiro de 1945), enterrando o tradicional "Cordeiro", nome pelo qual ainda é conhecido pela população da cidade e da região.
De acordo com legislação definida em 1938, a cada cinco anos, seria rediscutido o chamado "Quadro Territorial Administrativo e Judiciário do Estado de São Paulo", onde se descreviam detalhadamente as divisas geográficas dos distritos e municípios, aproveitando-se, a partir de 1948, o momento para a criação de distritos de paz (locais onde passaria a haver um Cartório de Registro Civil e um Tabelionato de Notas), de Municípios e Comarcas.
No final de fevereiro de 1948. a imprensa regional destacava que tinha se iniciado o momento para o recebimento de reivindicações dos moradores dos distritos e cidades do Estado de São Paulo, visando a criação de municípios e comarcas, bem como mudanças de divisas geográficas, quando necessário.
Com isso, a "Comissão Pró-Município de Cordeirópolis" divulgou seu manifesto, datado de 18 de março de 1948, onde pedia o apoio da população, através de um abaixo-assinado, para a criação do Município - a emancipação do distrito.
Esta comissão se compunha, dentre outros, dos principais industriais da cidade: representantes das famílias Krauter e Jafet, donas de empresas de torção e tecelagem; Gabriel Saad, proprietário de uma empresa de fabricação de papel e cartolina, e líderes políticos locais, como Jamil Abrahão Saad, Moacyr Dias, o comerciante Carlos Hespanhol, participante do movimento de 1934 e o Dr. Huberto Levy, proprietário da Fazenda Ibicaba, a maior produtora de café do então distrito.
Em maio, os deputados Castro de Carvalho e Cunha Bueno, do partido do então Governador do Estado, Adhemar de Barros, encaminham a representação dos moradores de Cordeirópolis para a emancipação, que continha mais de 1.500 assinaturas. Segundo a imprensa, havia um grupo contrário à emancipação, chefiado pelos membros do PSD (Partido Social Democrático), ao qual pertencia o Prefeito de Limeira, o principal prejudicado com a autonomia e os futuros vereador e prefeito de Cordeirópolis: Bento Avelino Lordello e Aristeu Marcicano.
Os contrários à autonomia diziam que Cordeirópolis não tinha movimento burocrático na administração pública, que não receberia adicional sobre o excesso de arrecadação, pois ela era muito pequena e que o Município teria que arcar com 5% da dívida de Limeira após à emancipação; que haveria déficit logo no primeiro ano do novo governo e haveria despesas específicas com a Represa de Cascalho.
Aprovada a continuação da tramitação do projeto na Assembleia, por ter preenchido os requisitos legais necessários, foi marcada uma consulta à população, através de plebiscito, sobre a concordância ou não com a emancipação. A autonomia foi vitoriosa por maioria esmagadora: 893 votos a favor, com somente 78 contra.
Seguindo o curso do processo, a criação do Município foi incluida no processo de renovação do quadro territorial, administrativo e judiciário do Estado, sendo sancionada pelo Governador Adhemar de Barros em 24 de dezembro de 1948, uma sexta-feira, através da Lei Estadual nº 233, que foi publicada inicialmente na terça seguinte, dia 28, para poder vigorar no dia 1º de janeiro de 1949, um sábado. Posteriormente, a lei inteira, que compreende um volume de aproximadamente novecentas páginas, foi republicada com correções em 1º de setembro.