Durante o ano de 2008, realizamos pesquisas no Museu Histórico e Pedagógico “Major José Levy Sobrinho” em Limeira, visando recuperar informações sobre Cordeirópolis nos jornais existentes à época, ou seja, a “Gazeta de Limeira” e “O Limeirense”. Entretanto, o mau estado do acervo, desde aquela época, impediu que a pesquisa chegasse até o objetivo final, que era a recuperação de informações até pelo menos o final do período.
Ainda assim, conseguimos compilar diversas informações que, posteriormente, foram comparadas com detalhes que foram trazidos de outras fontes, especialmente digitais, como o acervo dos jornais da Capital “O Estado de São Paulo” e “Correio Paulistano”, disponíveis no site da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
Em janeiro de 1948, nas sessões da Câmara Municipal de Limeira, foram feitas indicações solicitando a construção de um novo local na Represa de Cascalho, posto de puericultura em Cordeirópolis e reparação das ruas do então distrito, que ainda não eram asfaltadas. Também foi destacado que estava havendo falta d´água em Limeira, naquele momento onde um dos mananciais de abastecimento era a represa de Cascalho.
Também tinham sido pedidos pelos representantes de Cordeirópolis a instalação de um serviço de alto-falantes e o ajardinamento da praça central. Tais medidas foram realizadas somente com a emancipação de Cordeirópolis, no primeiro governo municipal, do prefeito Aristeu Marcicano (1949-1953). Uma informação curiosa é a nomeação, em 25 de janeiro, dos subdelegado e substitutos para a cidade: Carlos Hespanhol, Álvaro de Campos Toledo, Luiz Beraldo e José Darós.
Em fevereiro, foi solicitada a pavimentação do Jardim Público, naquela época denominado de Praça João Pessoa. Em março, foi solicitada a implantação de iluminação pública na Vila Barbosa, loteamento criado anos antes e destacado o movimento de emancipação com a manchete – “Cordeirópolis deseja ser município”.
Em 10 de abril, foi nomeado como subprefeito de Cordeirópolis Benedito Guimarães Cruz, conhecido farmacêutico da cidade por longos anos. Chama a atenção uma nota de falecimento, de Antonio Faterni Spolador, de 16 anos, filho de Francisco Spolador e Benedita Zambuzi Spolador, num surto de meningite.
Em 19 de maio de 1948, portanto há 70 anos, foi informado que estava se abrindo crédito especial para concessão de “ajuda de custo” ao subprefeito de Cordeirópolis, Benedito Guimarães Cruz, e em junho, é criado um cargo público de zelador do jardim.
Em 1º de julho, é noticiado que seria construído um “Posto de Puericultura” ao lado da subprefeitura, onde por muitos anos (1983-2010) funcionou a sede da Câmara Municipal. Naquele momento, o serviço de promoção social era feito por um “Serviço de Assistência Social” organizado pelo padre Santo Armelin, pároco local, e pela professora Maria Nazareth Stocco Lordello.
Iniciado o ano de 1949, a imprensa destaca inicialmente que as eleições para prefeito e vereadores foram marcadas para 13 de março e que os pré-candidatos foram Bento Avelino Lordello, professor público, pela coligação PTB-PSD e o Dr. Huberto Levy, pelo PSP, partido do Governador do Estado, Ademar de Barros. Os resultados foram informados pelo jornal “O Limeirense” do dia 17: de 1.200 eleitores existentes, compareceram 1.026, e foram dados 590 votos para Aristeu Marcicano, derrotando Huberto Levy, que teve somente 415. Foram eleitos 13 vereadores: 7 do PSD, 5 do PSP e 1 do PTB.
Os frutos da emancipação já se mostraram em edições da “Gazeta de Limeira” durante o ano de 1949: em 5 de novembro foi publicado edital de concorrência para a construção de um prédio para escola no Bairro do Cascalho. No fim do ano, é divulgada a criação da Delegacia de Polícia de Cordeirópolis.
Neste ano, é anunciada a primeira subvenção do Governo Federal para uma entidade do município: a “Associação Damas de Caridade”, do padre Santo Armelin e da professora Maria Nazareth Stocco Lordello, receberia uma verba de Cr$ 40 mil. Em 27 de abril de 1950, foi inaugurada a Coletoria Estadual e a agência da antiga Caixa Econômica do Estado de São Paulo passou a funcionar a partir de 3 de agosto. De acordo com o Recenseamento de 1950, a cidade tinha naquele momento 6.300 habitantes.
Somente no ano de 1952 outras obras passaram a se tornar realidade: em agosto, foi contratado o “serviço de calçamento da Praça João Pessoa”, atual Comendador Jamil Abrahão Saad, inaugurado em 1953 e destruído pelo Poder Público há alguns anos. Também foi publicado edital para acabamento interno e externo do Posto de Puericultura, que foi oficializado pelo Estado alguns anos antes.
Em 16 de novembro, foram marcadas as eleições para o dia 7 de dezembro. O resultado do pleito foi publicado na semana seguinte, em 14, onde venceu o Dr. Cássio de Freitas Levy (PSD-PDC), com 819 votos, contra 561 votos dados a Jamil Abrahão Saad (PSP-PTB-PTN-UDN). Para Vice-Prefeito, foi eleito com larga margem o prof. Bento Avelino Lordello, com 844 votos, derrotando o candidato da outra chapa, Lucio Burger, com 52 votos. Naquele tempo as eleições para prefeito e vice eram separadas.
Não há notícias sobre as realizações da administração municipal deste período, mas sobre isso já escrevemos artigo específico, quando da lembrança do centenário de nascimento daquele político. O problema da falta de energia elétrica na cidade e região motivou, como já conhecíamos de depoimentos, a realização de um “enterro simbólico” do presidente da Central Elétrica de Rio Claro (SACERC), concessionária que predeceu a CESP e a atual Elektro. Curioso que, anos depois, o “enterrado” passou a homenageado, através da denominação da Rua Eloy Chaves, na Vila Nossa Senhora Aparecida.
Em 1957, no final do mandato da administração iniciada em 1953, foi publicado edital para “fornecimento de grades e escadas de ferro para o serviço de abastecimento de água”. E, 11 de fevereiro, outro edital para “fornecimento de portas com batentes, ferragens e madeiramento para o Serviço de Abastecimento de Água”, situado na Avenida da Saudade. As eleições foram marcadas para 10 de março, com o resultado publicado no dia 14.
Foi eleito Jamil Abrahão Saad, com 1118 votos, derrotando Pedro Antonio Hespanhol, com 1.037. Para vereadores, foram eleitos: pelo PDC – Cássio de Freitas Levy, com 198 votos e Moacyr Dias, com 74; pela coligação PSD-UDN, Itamar Fior, com 178 votos e Orlando Zanetti, com 117 e Manoel Pereira dos Santos, com 87. Pelo PSP, partido do prefeito eleito, obtiveram maior votação Braz Coletta, com 140; Luiz Beraldo, com 121 e Orlando de Lucca, com 109 votos. Pelo PTB, foi eleito Mario Zaia, com 239 votos; Luiz Milaré, com 69 e Antonio Luiz Cicolin, com 63.
Em 13 de março, foi publicado o editral do Serviço de Transporte Escolar de alunos para Limeira, com recursos do Poder Público Municipal, que saía às 6:30, chegando à cidade às 12:10 e, no período noturno, saindo às 18:30 e retornando às 22:30, entre 1º de abril e 15 de dezembro, com férias em julho. Este ônibus ficou conhecido como a “Jardineira para Limeira”.
A diplomação dos eleitos foi marcada para 25 de março e a posse, para dia 27. Neste momento, soubemos que havia na cidade “24 aparelhos para iluminação pública e 4 aparelhos simples”. Foi aprovado um empréstimo para serviços de abastecimento de água em novembro e concorrência, no dia 14, para “fornecimento de móveis para a Câmara Municipal”: mesa curva de 2,50 x 0,60, 10 carteiras simples, 12 poltronas giratórias e 1 poltrona giratória da Presidência, além de um “balão-arquivo” com portas de correr.
Em 19 de janeiro de 1958 foi noticiado que a rodovia estadual aberta há alguns anos estava sendo denominada de “Washington Luiz”. Em 9 de fevereiro, foi publicado edital do transporte escolar, com três viagens: uma saindo às 6:15 do bairro do Cascalho, em direção ao Grupo Escolar Coronel José Levy, voltando às 12:30; para Limeira, saindo às 6:30 e voltando 12:20 e no período noturno, saindo às 18:30 e voltando 22:30, funcionando de 1º de março a 15 de dezembro.
Em 13 de março, a manchete da “Gazeta de Limeira” destaca: “Furtou o jipe, e agora, como Presidente da Câmara Municipal de Cordeirópolis, foi preso”. Em setembro, foi realizada homenagem ao governador Jânio Quadros e ao deputado Ruy de Almeida Barbosa, então Presidente da Assembleia Legislativa, com concessão de títulos de cidadania honorária. Foram feitas inaugurações, missa campal e show público.
Em abril, um problema que sempre preocupou a cidade: “Os telefones de Cordeirópolis estão horríveis. Há interferência de toda espécie: pessoas que falam entre a conversa, músicas, etc. O que está acontecendo em Cordeirópolis?”, diz a reportagem. Pelo poder público, foram tomadas posteriormente duas ações para solução do problema: a Lei nº 239, de 17 de maio de 1960, que autorizava o Executivo a gastar recursos provenientes da venda dos lotes da Vila Nova Brasília para a “solução do serviço telefônico de Cordeirópolis”.
Menos de um ano, e às vésperas da eleição municipal, o Poder Público emite a Lei nº 271, de 2 de março de 1961, que autorizava contrato com a Telefônica de Limeira S.A. para reforma dos serviços telefônicos do Município de Cordeirópolis, com prazo de concessão de 10 anos, definindo tarifas de pessoas jurídicas, telefones rurais e prazo de pagamento das mensalidades.
Não se sabe o que ocorreu após o término do contrato, mas o problema da telefonia em Cordeirópolis só foi minimizado através da Lei nº 1099, de 18 de agosto de 1978, onde a Prefeitura celebrou contrato para execução do serviço telefônico deste município, mediante remuneração mensal, reajustável anualmente através dos índices divulgados pela FGV, a chamada “instalação do sistema automático”.
Este texto chama a atenção sobre a necessidade de melhoria no acervo dos jornais de Limeira, cuja situação atual é desconhecida, correndo o risco de ser perdido um acervo impossível ser recuperado, a não ser que seja realizada a digitalização das coleções.