Através da comunidade “Apaixonados por Limeira”, do Facebook, foram postadas, nas últimas semanas, cópias do Boletim da Comissão de Alistamento e Assistência Pública e MMDC de Limeira, do acervo de Danilo Lazaro Barbosa, com as informações que eram divulgadas durante o período de mobilização pela Revolução Constitucionalista de 1932, entre julho e setembro.
Pelo material distribuído, nota-se a participação popular no processo de recolhimento das contribuições pelos habitantes de Limeira. Mesmo a cooperação de Cordeiro chegou tarde, muito depois que o bairro do Cascalho fez suas doações, conforme os registros do boletim.
No Boletim n. 4, constam os seguintes doadores, reconhecidos como moradores do Bairro do Cascalho: Jacob Stephan, José Pereira Mesquita, Luiz Maronese, Luiz Bertagna, Luiz Minatel, João Botion, Francisco Ortolan e José Tomazella.
Dias depois, o Boletim n. 6 informa os seguintes contribuintes do bairro do Cascalho: Domingos Della Coletta & Irmão; Francisco Breda, Luiz Betti, Antonio Rosolen, João Zanetti, Carlos Chiaradia; Constante Peruchi, Pedro Ozello, Cezario Tavoloni, Fortunato Della Coletta, André Zorzo, sendo a maior contribuição individual de Carlos Tomazella, com 100 mil reis, por se tratar do maior proprietário rural da região.
Nada mais, durante muitos dias, foi registrado sobre colaborações realizadas pelo bairro, sendo que a partir do Boletim n. 15 comparecem ““Pessoas que contribuíram com ´cache–cols´ para o “Batalhão Limeirense”, citando de Cordeiro: Elisa Corrêa Borges, 3; Aita Bentivegna, 1; Daisy Thomaz de Barros, 1; Zilda Lucke, 1; Nirce Brondi de Souza, 1, Benedicta Soares de Oliveira, 1; Edgard Stocco, 1, Oswaldo Lucke, 1, Luiz Beraldo, 1; Sydney Moreira, 1.
Vale lembrar que as duas primeiras eram professoras do Grupo Escolar de Cordeiro e dos homens, três são de tradicionais famílias de Cordeirópolis e um se refere ao filho do farmacêutico José Moreira, Sydney. Em outras oportunidades, os outros filhos também passarão a contribuir. No Boletim n. 17, na seção “Ouro Para a Victoria”, o informativo cita o Padre Luiz Stephanello como tendo dado 7 moedas de prata de 2 mil reis.
No Boletim n. 19, destaca-se que “A Comissão do Ouro para a Victoria, na sua sede no Banco Commercial, recebeu mais os seguintes donativos: Synesio Moreira: 2 pratas de 2 mil reis e 1 reloginho de nikel com corrente; Sydonio Moreira: 1 reloginho de prata”. Como dissemos, são filhos do farmacêutico José Moreira.
No Boletim n. 20, citam-se “pessoas que deram metaes para material bélico”. Destaca-se inicialmente a “Fazenda Ibicaba, um caminhão de ferro e cobre velho”. Logo em seguida, o redator anônimo lembra que “o ferro velho de que o governo precisa é exclusivamente ferro fundido. Ferro batido ou aço no momento não têm aplicação. Bronze, latão, cobre, alumínio, metal branco ou amarelo são de grande utilidade”.
No Boletim n. 21, sob o título “Cordeiro – Cascalho” são citados “70 donativos valiosíssimos em ouro, que já foram encaminhados ao Banco Commercial do Estado de São Paulo”, através da Comissão do Ouro em Cordeiro e Cascalho, composta pelos Srs. Dr. Humberto Levy, Amadeu Stocco, Padre J. Lopes Almeida (Vigário de Cordeiro), José Moreira, Aristeu Marcicano, Gaudêncio Frattini, Padre Stephanello (Vigário de Cascalho) e José Cândido Júnior.
Quando o movimento constitucionalista já estava praticamente derrotado, ainda se pediam doações para a população. No caso de Cordeiro, no Boletim n. 23, foi divulgada a lista de donativos para o “Ouro para a Victoria” que foram levados à agência do Banco Comercial em Limeira: João Bertanha Sobrinho – 4 fragmentos de ouro, 3 aneis de prata, 1 moeda de prata de 500 reis; João Frattini – 1 moeda de 5 francos, 1 moeda brasileira de 2$000, 10$000 em papel Bonus e 1 aro de ouro; Gaudêncio Frattini – 1 bolsa de prata e 3 brincos de ouro; Ignez Bettanho – 1 moeda de prata de 1000 reis e 2 moedas de prata de 500 reis.”
A partir do Boletim nº 24, o último, nada mais foi publicado em função deste movimento, encerrando-se este período com o destaque do falecimento do Sargento Pierrotti, único combatente de Limeira morto na Revolução Constitucionalista. Quando a Cordeiro ou Cascalho, nada mais foi dito, nem antes foi citado.
Para termos maiores detalhes dos fatos que ocorreram neste período, teríamos que pesquisar os jornais de Limeira na época: O Limeirense e Gazeta de Limeira. Quanto ao primeiro, seu acervo, que se encontrava no Museu Histórico e Pedagógico Major José Levy Sobrinho, está em local incerto e indisponível. Quanto à Gazeta, o acesso depende de autorização dos proprietários, o que não foi possível solicitar neste momento.
Até o mês de julho esperamos verificar os jornais digitalizados da época (Estado de São Paulo, Correio Paulistano e Folha da Manhã) para descobrir mais informações que possam dar conta da situação destes três meses de 1932.